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MERCADO EDITORIAL
Rocco, L&PM, Scrinium, Mercado Aberto e Imaginário lançam coleções de ``pocket books''
Livro de bolso reconquista editoras
ERIKA SALLUM
free-lance para a Folha
Em 1997, o livro de bolso brasileiro reassume um lugar de destaque nas livrarias do país.
As editoras L&PM, Scrinium,
Imaginário, Mercado Aberto e
Rocco estão lançando coleções de
``pocket books'', acreditando em
uma fórmula simples e atraente:
grandes nomes da literatura universal a preços populares, que, em
média, não ultrapassam R$ 3,50.
O ``boom'' desse formato de livro, que já consagrou a Brasiliense
na década de 80, com a série Primeiros Passos, recomeçou em
agosto de 1996, quando Paz e Terra
e Ediouro colocaram novas coleções no mercado.
Os resultados se mostraram lucrativos e, até agora, a coleção Leitura (Paz e Terra) já vendeu cerca
de 200 mil exemplares, e a Clássicos de Ouro (Ediouro), 101.509
-tiragens excepcionais para padrões brasileiros.
``Textos curtos, conteúdo de
qualidade, letras grandes e preço
acessível são os ingredientes básicos que motivam o público'', explica Roque Jacoby, editor da Mercado Aberto.
A editora gaúcha inaugurou em
novembro a coleção ``Pequenas
Grandes Obras'', com autores que
variam do argentino Mempo Giardinelli ao brasileiro Simões Lopes
Neto. Preço: R$ 3.
Variedade, aliás, tem sido a palavra de ordem na tentativa de ampliar o perfil do consumidor.
Para março, a Rocco promete
iniciar uma série de clássicos de
meditação. Dois títulos já estão definidos: ``O Espírito do Tao'' e ``I
Ching'', ambos de Thomas Cleary.
A novíssima Imaginário investe
no erotismo com a série ``Sátiros e
Bacantes'', começando com
``Contos Libertinos'', do Marquês
de Sade, e ``As Façanhas de um Jovem Don Juan'', de Apollinaire.
Os dois volumes estarão disponíveis, a partir de segunda, em livrarias e bancas de jornal, a R$ 3,50.
``Se os colocássemos à venda só
em livrarias, não daria para cobrar
esse preço'', afirma o editor Plínio
Augusto Coelho.
``O público tem certa inibição
em entrar numa livraria, o que não
acontece em bancas'', completa
Manuel da Costa Pinto, editor da
Scrinium, que inaugurou a série
``Canto Literário'' (R$ 3,60).
Plano Real
A multiplicação dos ``pocket
books'' no Brasil não significa que
o mercado editorial esteja bem das
pernas.
Segundo Coelho, da Imaginário,
é exatamente o contrário: ``Há alguns anos, vendia-se muito mais
do que hoje, e as tiragens eram
maiores. Com o Plano Real, ocorreu um estrangulamento do mercado''.
A saída para a crise foi baixar o
preço dos livros. Em meio à concorrência, a beleza da obra também passou a ser levada em conta.
Foi-se o tempo em que livros de
bolso eram sinônimos de capas
feias e impressões desbotadas.
Diversas editoras optaram pelo
papel pólen, amarelado e de qualidade superior ao papel jornal (bastante comum em publicações de
bolso). As capas são coloridas e
têm acabamento mais refinado.
``As pessoas, em geral, passaram
a ter um critério extremamente seletivo'', constata Ivan Pinheiro
Machado, editor da L&PM, que
lança este mês a coleção ``Pocket''.
As sofisticações estéticas, no entanto, acabam encarecendo o produto. Os ``pockets'' da Ediouro,
em papel-jornal, são os mais baratos: R$ 1,80.
Domínio público
Para baratear os custos, os editores usam táticas como escolher
textos de autores que já caíram em
domínio público, não precisando
pagar direitos autorais.
Outra alternativa é a utilizada pela L&PM. Entre os 100 títulos da
``Pocket'' que promete publicar
em 1997, cerca de 40 são relançamentos de seu acervo.
Além disso, em geral, as editoras
rodam as coleções em tiragens elevadas, que ultrapassam 7.000
exemplares.
A L&PM é exceção, investindo
não em estoque, mas em tecnologia, imprimindo seus livros a laser,
método que, segundo Machado, é
mais barato e prático: ``Podemos
imprimir nossos títulos de acordo
com a demanda''.
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