especial para a Folha

Não é Chopin, mas uma de suas obras (a "Balada nº 4 em Fá Menor, op. 52") a protagonista do romance "Presto con Fuoco", do escritor italiano Roberto Cotroneo, 38.
"Presto con Fuoco" (Rápido com Fogo) é uma indicação musical. No ciclo de quatro baladas de Chopin, está presente na primeira e na segunda, mas não na última, finalizada em 1842.
Pelo menos, até onde se sabe. Porque o manuscrito inteiro da "Balada nº 4" não existe. E é justamente em cima da inexistência de um manuscrito autógrafo completo de Chopin da obra que Cotroneo constrói o seu romance.
Um pianista sem nome, mas nitidamente inspirado em Arturo Benedetti Michelangeli (1920-1995), é abordado por um russo que diz ter um manuscrito autógrafo completo da quarta balada -que conteria, além do "presto con fuoco", diferenças com relação à versão normalmente interpretada da obra.
Na contracapa do livro, Umberto Eco afirma não ser necessário entender de música ou de Chopin para apreciar a obra. Pode ser. Mas, claro, quanto mais gosto pela música, mais condições de apreciação: Cotroneo reproduz trechos da partitura da quarta balada em seu livro e enche-o com descrições de obras musicais.
Enquanto a novíssima edição crítica da quarta prometida pela Peters não chega, a partitura das baladas de Chopin mais fácil de encontrar no Brasil está em volume da Dover ("Complete Ballades, Impromptus & Sonatas", cujas fontes são criticadas quanto à reprodução da obra).
No mercado discográfico, há mais oferta. Ninguém que se depare com a gravação de Krystian Zimerman das quatro baladas deve desprezá-la.
Mas a melhor relação custo/benefício está no CD do russo Evgueni Kíssin, que tem vitalidade, riqueza de cores e preço difíceis de serem igualados.

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