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Concertos ganham versão revolucionária
especial para a Folha
É de um polonês a mais estimulante homenagem fonográfica aos 150
anos da morte
de Chopin. Abrindo mão de regente, o pianista Krystian Zimerman, 43, montou uma orquestra
especialmente para gravar os dois
concertos para piano e orquestra
do compatriota.
Zimerman audicionou, por fita
de vídeo, mais de 350 candidatos,
até escolher os 50 poloneses, entre
25 e 35 anos, que formaram sua
Polish Festival Orchestra.
Para que tudo isso?, perguntava-se. Afinal, em 1978, Zimerman
fizera uma bela gravação dos concertos de Chopin, com a Filarmônica de Los Angeles, regida por
Carlo Maria Giulini.
Duas décadas depois, contudo,
a ambição do pianista não era realizar só mais uma boa gravação de
Chopin. Queria amadurecer e registrar uma concepção completamente nova dos concertos.
Para entender a dimensão da
revolução, é necessário que se diga que os concertos, obras de
Chopin de 19 anos, nunca foram
tidos em alta conta pela crítica.
Berlioz dizia que a orquestra de
Chopin era "um acompanhamento frio e quase inútil". Tanto
o "Concerto nº 1 em Mi Menor,
op. 11" quanto o "Concerto nº 2
em Fá Menor, op. 21" (apesar da
numeração, composto antes do
"Concerto nº 1") são vistos como
obras mal-orquestradas, prolixas
e conservadoras.
Sua função: mero veículo para o
virtuosismo dos grandes pianistas. E assim podemos ler as gravações de gênios como Arthur Rubinstein, Guiomar Novaes e Martha Argerich, entre outros.
É relativamente fácil de encontrar, no mercado brasileiro, a partitura dos concertos para piano de
Chopin (Edição Dover, feita a
partir de Breitkopf & Härtel).
Confrontá-la com a gravação de
Zimerman é entender o quão sua
concepção é diversa de todos os
que o precederam.
Zimerman, o pianista, é um virtuose nem mais nem menos dotado que seus colegas. As boas surpresas do disco vêm de Zimerman, o regente. Tome-se como
base a exposição orquestral do
primeiro movimento ("Allegro
Maestoso") do "Concerto em Mi
Menor".
Normalmente tido como longo
e maçante, o trecho ganha grandeza e refinamento.
Algumas indicações de Chopin
(como acentos) são escrupulosamente respeitadas; outras (como
passagens marcadas "a tempo"),
deliberadamente ignoradas; e dinâmica e fraseados não previstos
pelo compositor são acrescidos.
No segundo movimento, mais
novidades: o diálogo entre as madeiras e o piano solista é valorizado, e a música alça vôos dignos de
Schumann. Se Zimerman comete
algum pecado, é o de tentar tornar a música de Chopin melhor
do que ela é.
Avaliação:
Disco: Chopin - Piano Concertos n.1 & 2
Artista: Krystian Zimerman
Gravadora: Deutsche Grammophon
Quanto: R$ 44 (o CD duplo, em média)
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