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São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 2003

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POLÍTICA CULTURAL

Cláudia Costin diz que dará mais autonomia a órgãos da secretaria, como Osesp e Memorial, e cobrará metas

Cultura de SP terá "filosofia empresarial"

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Há duas semanas no cargo de secretária de Estado da Cultura de São Paulo, Cláudia Costin começa a preparar a reforma administrativa da secretaria. Sua idéia é dar mais autonomia a órgãos ligados à pasta, como a Orquestra Sinfônica (Osesp) e o Memorial da América Latina, e instituir uma política de cobrança de metas.
Formada em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e ex-ministra da Administração Federal (1998/ 1999), Costin, 46, já deixou clara essa "filosofia empresarial" a dirigentes dos órgãos da secretaria.
Em reuniões com cada um dos diretores ligados à pasta, ela colheu informações sobre problemas administrativos e deu sinais de que é adepta do conceito "qualidade total", vedete da iniciativa privada brasileira nos anos 90.
Seu projeto é transformar os chamados "aparelhos" da secretaria em organizações sociais. Para isso, fará contrato de gestão com cada órgão. Na prática, eles terão mais autonomia para contratar funcionários (um músico da Osesp, por exemplo, não precisará necessariamente ter vínculo empregatício com a secretaria), definir planos de administração e escolher seus projetos culturais.
Seria uma relação semelhante à da pasta com a Fundação Padre Anchieta (que administra a TV Cultura), cujo presidente não é apontado pela secretária, mas escolhido por conselho autônomo.
Em contrapartida à independência, Costin pretende estipular metas aos órgãos, como numa empresa privada. Há atualmente na secretaria um temor de que isso possa representar cortes ou uma mudanças drásticas no quadro de funcionários. A secretária afirma que essa não é sua idéia e que talvez seja "possível resolver grande parte dos problemas redirecionando alguns profissionais".

Contradição
Costin assumiu a pasta criticando o isolamento de cada órgão da secretaria e dizendo que as iniciativas culturais não faziam parte de um "projeto cultural do Estado". A idéia de dar autonomia, então, não poderia agravar essa situação? "Parece contraditório, mas é possível dar mais independência administrativa a cada aparelho e integrá-los num mesmo projeto cultural", diz Cláudia Costin.
Está também em seus planos divulgar pela internet periodicamente todos os gastos da secretaria. "Quero mostrar em nosso site como estamos usando o dinheiro público. Revelar, por exemplo, quantas crianças atende o Projeto Guri e qual é sua verba", afirma.
Segundo ela, isso deverá estar disponível em cerca de três meses.
Nesse período, Costin também quer criar uma "política de bilheteria" para o Estado. Assim, alguns locais que têm entrada gratuita permanente, como a Pinacoteca, poderão passar a cobrar ingressos e reservar um dia da semana para o acesso livre.

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