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POLÍTICA CULTURAL
Cláudia Costin diz que dará mais autonomia a órgãos da secretaria, como Osesp e Memorial, e cobrará metas
Cultura de SP terá "filosofia empresarial"
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Há duas semanas no cargo de
secretária de Estado da Cultura de
São Paulo, Cláudia Costin começa
a preparar a reforma administrativa da secretaria. Sua idéia é dar
mais autonomia a órgãos ligados
à pasta, como a Orquestra Sinfônica (Osesp) e o Memorial da
América Latina, e instituir uma
política de cobrança de metas.
Formada em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e ex-ministra da
Administração Federal (1998/
1999), Costin, 46, já deixou clara
essa "filosofia empresarial" a dirigentes dos órgãos da secretaria.
Em reuniões com cada um dos
diretores ligados à pasta, ela colheu informações sobre problemas administrativos e deu sinais
de que é adepta do conceito "qualidade total", vedete da iniciativa
privada brasileira nos anos 90.
Seu projeto é transformar os
chamados "aparelhos" da secretaria em organizações sociais. Para isso, fará contrato de gestão
com cada órgão. Na prática, eles
terão mais autonomia para contratar funcionários (um músico
da Osesp, por exemplo, não precisará necessariamente ter vínculo
empregatício com a secretaria),
definir planos de administração e
escolher seus projetos culturais.
Seria uma relação semelhante à
da pasta com a Fundação Padre
Anchieta (que administra a TV
Cultura), cujo presidente não é
apontado pela secretária, mas escolhido por conselho autônomo.
Em contrapartida à independência, Costin pretende estipular
metas aos órgãos, como numa
empresa privada. Há atualmente
na secretaria um temor de que isso possa representar cortes ou
uma mudanças drásticas no quadro de funcionários. A secretária
afirma que essa não é sua idéia e
que talvez seja "possível resolver
grande parte dos problemas redirecionando alguns profissionais".
Contradição
Costin assumiu a pasta criticando o isolamento de cada órgão da
secretaria e dizendo que as iniciativas culturais não faziam parte de
um "projeto cultural do Estado".
A idéia de dar autonomia, então,
não poderia agravar essa situação? "Parece contraditório, mas é
possível dar mais independência
administrativa a cada aparelho e
integrá-los num mesmo projeto
cultural", diz Cláudia Costin.
Está também em seus planos divulgar pela internet periodicamente todos os gastos da secretaria. "Quero mostrar em nosso site
como estamos usando o dinheiro
público. Revelar, por exemplo,
quantas crianças atende o Projeto
Guri e qual é sua verba", afirma.
Segundo ela, isso deverá estar
disponível em cerca de três meses.
Nesse período, Costin também
quer criar uma "política de bilheteria" para o Estado. Assim, alguns locais que têm entrada gratuita permanente, como a Pinacoteca, poderão passar a cobrar ingressos e reservar um dia da semana para o acesso livre.
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