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Gravadoras apostam em shows
DA REPORTAGEM LOCAL
Na luta pela sobrevivência, a indústria fonográfica começa a apelar para nichos de mercado que
costumava relegar a segundo plano antes da grande crise de queda
de vendagem de CDs.
O principal deles é o campo de
shows de artistas, que hoje anima
o discurso de administradores de
companhias de opiniões tão divergentes quanto a multinacional
Universal e a nacional Trama.
"A situação dos shows hoje é
muito boa, mostra uma volta do
interesse do público por música",
opina José Antonio Eboli, da Universal.
No novo discurso, ele relaciona
esse dado com um possível momento de renovação artística. "A
situação discográfica melhora
com a melhora do movimento de
shows, que talvez seja um momento de surgirem novos artistas", diz.
Pela Trama, João Marcello Bôscoli vai mais longe: a gravadora
passa a adotar a prática de empresariar artistas seus, como Claudio
Zoli e Fernanda Porto. "Representamos os artistas exclusivamente ou agimos em composição
com seus empresários", diz.
O mais comum, até há pouco,
era as gravadoras destinarem
uma verba de "tour support" aos
artistas, que a partir daí caminhariam com as próprias pernas em
suas turnês ao vivo.
Outros caminhos
João Marcello Bôscoli cita um
outro caminho possível. "As receitas de publicidade serão mais
importantes. Assisti à Rede Globo
a vida inteira e nunca paguei por
isso", diz, sugerindo que as gravadoras poderiam adotar sistemas
parecidos.
José Antonio Eboli cita ainda
um novo cenário de relativa independência entre o que toca nas rádios e o que vende CDs nas lojas
-um índice de que estaria se reduzindo à nunca admitida prática
de jabaculê, comércio ilegal de
execuções entre emissoras e gravadoras.
"Maria Rita, uma artista nova,
vendeu 500 mil CDs sem nunca
tocar no rádio. Os Tribalistas passaram de 1 milhão da mesma forma", afirma, tomando exemplos
fermentados nas rivais Warner e
EMI, respectivamente.
Eboli faz enfim uma reavaliação
da indústria recente: "Entre 1999 e
2003 ficamos quase numa Idade
Média em relação à música. Era
só repetição de fórmula, o público
está cansado disso".
(PAS)
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