São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Última Moda

VIVIAN WHITEMAN, em Nova York e Londres - ultima.moda@grupofolha.com.br

Caretinha, ora bolas

TEMPORADA OUTONO-INVERNO 2011 DA SEMANA DE MODA DE NOVA YORK FAZ VOLTA AO CONSERVADORISMO

O careta é o novo preto. Ou seria o careta é o novo chique? Melhor, então: o careta é o novo moderno.
Na semana de moda de Nova York, que terminou ontem, o moderno tem nome: Marc Jacobs. Graças à coleção passada dele, colorida e disco, as fashionistas mergulharam no final dos anos 70.
Do desbunde à contenção, o corte foi brusco. A coleção outono-inverno 2011 de Jacobs, apresentada na última segunda (14), é quase uma camisa de força. Não à toa, a sala do desfile foi coberta com colchões matelassados brancos, com chão de espelhos -ares de hospício cinematográfico-conceitual.
Ok, as caretas de Marc Jacobs não são caretinhas à toa. Andam batendo botas de plataforma, vêm embrulhadas em casacos de vinil e usam boinas rígidas, como boas soldadinhos da moda.
Na trilha sonora, "The Beautiful People", música de Marilyn Manson. "O capitalismo fez dessa maneira. O bom e velho fascismo vai levar tudo embora", diz a letra.
Vale, além de tantas outras leituras possíveis, como análise do movimento neoconservador que toma conta dos EUA e da Europa: o sentimento do "fomos longe demais nas liberdades, é hora de voltar à velha moral".
As moças de Jacobs são meio francesinhas chiques, meio conservadoras neovitorianas, meio fashion victims que não sabem por que vestem o que vestem. A música diz "não há tempo para discriminar, odeie todos os que entrarem no seu caminho".
Perversamente, a grande aposta da coleção são as bolinhas, os famosos "pois", estampa-ícone da tradição e da caretice, e que na passarela de Jacobs parecem mais uma praga que toma conta de roupas, meias e chapéus.
As bolotas apareceram em outras coleções, como a de Diane von Furstenberg, muito simpática e colorida, mas bem menos combativa.
A tradição, por sua vez, foi o mote geral: a mulher de negócios de Tommy Hilfiger, a neocamponesa vitoriana da Rodarte, a socialite de Carolina Herrera etc. Até o brasileiro Carlos Miele entrou na onda e fez um desfile bem menos apimentado.
Outros indícios fashion da onda repressiva: a volta das saias entravadas (que vão ficando justas ao longo das pernas) e muita amarração no pescoço.
Mas, é claro, com crítica ou sem crítica, tudo vira produto. Como quem diz, "caretas de Paris, New York, sem mágoas, estamos aí".

FOLHA ONLINE
ILUSTRADA

Confira na internet

BLOG ÚLTIMA MODA
Confira a seção de moda de rua, com fotos e flashes de estilo direto de NovaYork
folha.com/ultimamoda

Queridinha da princesa mostra coleção sobre duquesa

A estilista brasileira Daniella Helayel curte a tradição. Dona da marca Issa e candidata a desenhar o vestido de casamento da futura princesa Kate Middleton, a niteroiense adora os clubes fechados de Londres (é sócia de vários) e os códigos fashion da alta roda inglesa.
Helayel tem vestido Kate para ocasiões especiais, entre elas, o anúncio do noivado da gata com o príncipe William, herdeiro do trono.
E amanhã, confirmando seu gosto pela realeza, a estilista apresentará, na Semana de Moda de Londres, uma coleção inspirada na duquesa de Windsor. "Ela era forte, prática, usava roupas ajustadas no corpo. Essa é a minha obsessão, fazer roupa fácil que não precisa passar e que deixa a mulher magra", diz Daniella, numa mistura de português, inglês e risadas.
A casa de Daniella em Londres, onde vive desde 2000, é palco de festas de arromba para os amigos da estilista. "Minha casa foi feita pra receber gente, todo mundo vem e se diverte muito, é uma loucura", afirma.
Uma de suas amigas e clientes é Madonna. Tanto que o tema da nova coleção da brasileira é o mesmo do novo filme da popstar, ""W.E." -também inspirado em Wallis Simpson, a duquesa de Windsor.
O figurino é recheado de roupas Issa, entre elas, o mesmo modelo azul usado por Middleton no anúncio do noivado. "Esse casamento é uma obsessão mundial. O desfile vai ser uma coisa, mas eu não me deixo abalar. E, claro, as vendas estão nas alturas", diz a designer.
Nos anos 1930, Wallis era uma plebeia e divorciada quando se casou com o rei Edward 8º, que teve um curtíssimo reinado pois abdicou do trono britânico para assumir a relação.
Kate e William não terão o mesmo problema. Que o diga Daniella. "Eles são um conto de fadas, a união do tradicional com o moderno, e isso é a cara da Inglaterra, é a cara do mundo de hoje", diz.
Sobre o vestido de noiva, Daniella repete, em inglês, que não tem o que dizer. "Todo mundo vai saber quando ela decidir anunciar". Enquanto isso, resta esperar pela princesa.

com PEDRO DINIZ


Texto Anterior: Crítica/Comédia de ação: Gondry faz "O Besouro Verde" fugir da mesmice de blockbuster
Próximo Texto: Música: Ney Matogrosso reencena "Beijo Bandido" em show comportado
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.