São Paulo, sábado, 18 de março de 2000


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"Jogo Perigoso" é bem chato e arrastado

RODOLFO LUCENA
Editor de Informática


O título da edição brasileira é muito melhor, bem mais instigador que o original. Mas as coisas boas param por aí.
"Jogo Perigoso" ("Gerald's Games") é talvez um dos mais chatos livros já escritos pelo mestre Stephen King. Só fui até o fim, agora, por dever profissional, depois de várias tentativas de leitura de uma edição de bolso, anos atrás.
O ponto de partida da história pode até atrair voyeurs de plantão: um casal dado a brincadeiras sadomasoquistas passa o fim-de-semana em uma cabana isolada para dedicar-se em tempo integral a seus prazeres. Ocorre que, quando a cena começa, a mulher decide que não está a fim. A essa altura, já foi algemada à cama, e o marido fica chateado com a reviravolta. Segue-se uma discussão, em que ele começa a ficar violento. Ela tenta resistir e dar o troco, mesmo presa.
Vira e revira, estica e puxa, Jessie consegue acertar um pontapé no saco do marido. A dor, o choque ou o que seja detona um ataque cardíaco, e Gerald estrebucha no chão, frente à desesperada prisioneira.
A partir daí, a ação acontece na cama -onde a mulher luta para se safar dos ferros- e na cabeça da coitada.Esta última é a pior, pois traz o velho e batido truque de King: as vozes.
Fala a Jessie-menina molestada pelo pai, fala sua versão "mulher perfeita", fala uma amiga, falam personagens que são revividos na memória... Pode ter parecido uma boa idéia para dar movimento a uma história que, de outra forma, seria com apenas um único personagem.
Mas King exagera ao ponto de fazer o leitor íntimo dos pensamentos de um cão que invade o ex-ninho de amor e presente sala da morte. A cena em questão até que é legal, do ponto de vista do terror: cheia de sangue, medo, uma boa dose de bobagem e mais ação do que no restante.
Mas, tirando esse dado momento, a história se arrasta pelos personagens que vêm à mente de Jessie enquanto ela luta pela liberdade -inclusive uma visão "real", um ente que também aparece no quarto, mas não se intromete na cena.
Enfim, talvez desse um bom conto. Virou uma história enfadonha que se arrasta ao longo de quase 200 páginas.



Livro: Jogo Perigoso Autor: Stephen King Tradutora: Lia Wyler Editora: Objetiva Quanto: R$ 15 (172 págs.)


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