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"Jogo Perigoso" é bem chato e arrastado
RODOLFO LUCENA
Editor de Informática
O título da edição brasileira é
muito melhor,
bem mais instigador que o original. Mas as coisas boas param por aí.
"Jogo Perigoso" ("Gerald's
Games") é talvez um dos mais
chatos livros já escritos pelo
mestre Stephen King. Só fui até
o fim, agora, por dever profissional, depois de várias tentativas de leitura de uma edição de
bolso, anos atrás.
O ponto de partida da história pode até atrair voyeurs de
plantão: um casal dado a brincadeiras sadomasoquistas passa o fim-de-semana em uma
cabana isolada para dedicar-se
em tempo integral a seus prazeres. Ocorre que, quando a cena começa, a mulher decide
que não está a fim. A essa altura, já foi algemada à cama, e o
marido fica chateado com a reviravolta. Segue-se uma discussão, em que ele começa a ficar
violento. Ela tenta resistir e dar
o troco, mesmo presa.
Vira e revira, estica e puxa,
Jessie consegue acertar um
pontapé no saco do marido. A
dor, o choque ou o que seja detona um ataque cardíaco, e Gerald estrebucha no chão, frente
à desesperada prisioneira.
A partir daí, a ação acontece
na cama -onde a mulher luta
para se safar dos ferros- e na
cabeça da coitada.Esta última é
a pior, pois traz o velho e batido
truque de King: as vozes.
Fala a Jessie-menina molestada pelo pai, fala sua versão
"mulher perfeita", fala uma
amiga, falam personagens que
são revividos na memória...
Pode ter parecido uma boa
idéia para dar movimento a
uma história que, de outra forma, seria com apenas um único
personagem.
Mas King exagera ao ponto
de fazer o leitor íntimo dos
pensamentos de um cão que
invade o ex-ninho de amor e
presente sala da morte. A cena
em questão até que é legal, do
ponto de vista do terror: cheia
de sangue, medo, uma boa dose de bobagem e mais ação do
que no restante.
Mas, tirando esse dado momento, a história se arrasta pelos personagens que vêm à
mente de Jessie enquanto ela
luta pela liberdade -inclusive
uma visão "real", um ente que
também aparece no quarto,
mas não se intromete na cena.
Enfim, talvez desse um bom
conto. Virou uma história enfadonha que se arrasta ao longo de quase 200 páginas.
Livro: Jogo Perigoso
Autor: Stephen King
Tradutora: Lia Wyler
Editora: Objetiva
Quanto: R$ 15 (172 págs.)
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