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"Som e Fúria" investiga pop
do enviado a Curitiba
"Nós, os idiotas, como dizia
Shakespeare, devíamos contar a
história das nossas vidas cheias de
som e fúria, e que não significam
nada." Eis uma das ilações de Rob
Flemming, o dono de uma loja de
discos e DJ que, aos 35 anos, tenta
ser adulto em "Alta Fidelidade"
(1994), romance do inglês Nick
Hornby vertido para o palco como "A Vida É Cheia de Som e Fúria", na programação do Fringe.
A montagem é de Curitiba, onde estreou em fevereiro com a Sutil Cia. de Teatro, dirigida por Felipe Hirsch.
Como em "Juventude", de sua
autoria, e "Por um Novo Incêndio
Romântico", adaptação de "Ah!
Wilderness", de Eugene O'Neill,
ambas encenadas na programação do ano passado, Hirsch, 28,
investiga a voga estética-existencial da geração dos anos 90, também a sua.
Rob (Guilherme Weber) é DJ
daGroucho Marx Club, na Londres do início dos 90, devoto da
música pop e apaixonado por
Laura (Fernanda Farah), que o
abandona em plena crise dos 30
anos. Como diz o ator Weber, do
núcleo da companhia, "é uma peça sobre a juventude resfriada, sobre o amor, separações, música
pop e lista das cinco mais".
Não é à toa que Rob enumera, a
certa altura do texto, as suas cinco
"melhores separações" da vida.
Ele e seus amigos vivem elegendo
as cinco músicas preferidas, o que
dá margem para um compêndio
do pop. São cerca de 70 inserções
de ícones do rock, que vão desde
os anos 50 até os derradeiros 90.
Embalado por Elvis, Beatles,
Stones, Marvin Gaye, Clash, Pistols, Bowie, U2, Morrissey, Pixies
e Nirvana, a peça resulta mais
musical do que propriamente romance, como no livro de Hornby.
"É um musical no qual os atores
não cantam", afirma Hirsch. O
elenco tem mais oito atores.
Para o encenador, o texto encaixa-se na pesquisa cênica e na dramaturgia das narrativas de peças
de memórias, que a Sutil vem trabalhando desde sua fundação, há
sete anos, com "Ball Babilônia".
Hirsch não esconde seu fascínio
pelo universo musical que acompanha o imaginário da juventude,
sobretudo nas últimas quatro décadas, com a mesma atração exercidas pela camiseta branca e pela
calça jeans em qualquer canto do
planeta. "A coisa sensacional da
música pop é essa promiscuidade
que ela provoca. Você está apaixonado por uma música e daqui a
10 minutos fica completamente
apaixonado por outra", justifica.
Não deixa de ser uma revisão romântica dos tempos que correm.
Nascido no Rio e baseado profissionalmente em Curitiba,
Hirsch foi um dos indicados para
o prêmio Shell 99 de melhor texto
pela montagem carioca de "Por
um Novo Incêndio Romântico".
A Sutil Companhia de Teatro
deve finalmente cumprir temporada em São Paulo no próximo
semestre, levando seu repertório.
(VS)
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