São Paulo, sábado, 18 de março de 2000


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"Som e Fúria" investiga pop

do enviado a Curitiba

"Nós, os idiotas, como dizia Shakespeare, devíamos contar a história das nossas vidas cheias de som e fúria, e que não significam nada." Eis uma das ilações de Rob Flemming, o dono de uma loja de discos e DJ que, aos 35 anos, tenta ser adulto em "Alta Fidelidade" (1994), romance do inglês Nick Hornby vertido para o palco como "A Vida É Cheia de Som e Fúria", na programação do Fringe.
A montagem é de Curitiba, onde estreou em fevereiro com a Sutil Cia. de Teatro, dirigida por Felipe Hirsch.
Como em "Juventude", de sua autoria, e "Por um Novo Incêndio Romântico", adaptação de "Ah! Wilderness", de Eugene O'Neill, ambas encenadas na programação do ano passado, Hirsch, 28, investiga a voga estética-existencial da geração dos anos 90, também a sua.
Rob (Guilherme Weber) é DJ daGroucho Marx Club, na Londres do início dos 90, devoto da música pop e apaixonado por Laura (Fernanda Farah), que o abandona em plena crise dos 30 anos. Como diz o ator Weber, do núcleo da companhia, "é uma peça sobre a juventude resfriada, sobre o amor, separações, música pop e lista das cinco mais".
Não é à toa que Rob enumera, a certa altura do texto, as suas cinco "melhores separações" da vida. Ele e seus amigos vivem elegendo as cinco músicas preferidas, o que dá margem para um compêndio do pop. São cerca de 70 inserções de ícones do rock, que vão desde os anos 50 até os derradeiros 90.
Embalado por Elvis, Beatles, Stones, Marvin Gaye, Clash, Pistols, Bowie, U2, Morrissey, Pixies e Nirvana, a peça resulta mais musical do que propriamente romance, como no livro de Hornby. "É um musical no qual os atores não cantam", afirma Hirsch. O elenco tem mais oito atores.
Para o encenador, o texto encaixa-se na pesquisa cênica e na dramaturgia das narrativas de peças de memórias, que a Sutil vem trabalhando desde sua fundação, há sete anos, com "Ball Babilônia".
Hirsch não esconde seu fascínio pelo universo musical que acompanha o imaginário da juventude, sobretudo nas últimas quatro décadas, com a mesma atração exercidas pela camiseta branca e pela calça jeans em qualquer canto do planeta. "A coisa sensacional da música pop é essa promiscuidade que ela provoca. Você está apaixonado por uma música e daqui a 10 minutos fica completamente apaixonado por outra", justifica. Não deixa de ser uma revisão romântica dos tempos que correm.
Nascido no Rio e baseado profissionalmente em Curitiba, Hirsch foi um dos indicados para o prêmio Shell 99 de melhor texto pela montagem carioca de "Por um Novo Incêndio Romântico".
A Sutil Companhia de Teatro deve finalmente cumprir temporada em São Paulo no próximo semestre, levando seu repertório.
(VS)



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