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MÚSICA
"Mama Mundi", novo disco do compositor paraibano, enfoca o Brasil para fazer sucesso no exterior
Chico César está de olho no mundo
especial para a Folha
Amparado pela erudição do
maestro Nelson Ayres e pelo suingue do percussionista Marcos Suzano, Chico César lança o seu
quarto disco, "Mama Mundi", de
olho no mercado internacional.
Se por aqui o cantor e compositor
não conseguiu repetir o sucesso
do disco "Cuzcuz-Clã", lançado
em 1996, no exterior o paraibano
de Catolé do Rocha tem sido cada
vez mais respeitado.
Assim como no ano passado,
Chico vai passar boa parte do segundo semestre em turnês pela
Europa e EUA, onde os seus discos já estão sendo lançados por
selos locais. O tempo passado fora
do país acabou influenciando diretamente nas gravações de "Mama Mundi". A faixa "Barco" foi
composta na Itália e "Aquidauana", inspirada na visita de Chico a
Istambul, na Turquia. "Procurei
ir na contramão dessa onda de
globalização. Quis realçar as individualidades e as características
de cada país", explica o músico.
As grandes novidades no disco
são as presenças do produtor Mário Manga e do maestro Nelson
Ayres. "Eu queria buscar uma
maturidade musical neste CD e
consegui com o Manga. É um disco praticamente acústico, parecido com o meu primeiro trabalho
("Aos Vivos"), mas com uma
produção mais sofisticada e bem
cuidada", diz Chico. "A participação de Nelson (Ayres) foi decisiva
para a sonoridade do disco. Ele
reforçou o meu violão, deu um
caráter mais intimista às canções.
É um arranjador de primeiro time. O músico brasileiro, por ser
colonizado, tem mania de trabalhar com arranjadores que fazem
sucesso no exterior. Foi só o Eumir Deodato participar de um
disco da Björk para começar a ser
idolatrado por aqui."
Bem servido de arranjadores,
Chico César conta com a nata da
percussão brasileira no CD. Além
de Marcos Suzano, que participa
em quase todas as faixas, o músico tem o reforço de Naná Vasconcelos em "A Força Que Nunca Seca", já gravada divinamente por
Maria Bethânia, e em "Aquidauana", esta última um delicioso coco
sampleado.
Como bom herdeiro de Luiz
Gonzaga e de Jackson do Pandeiro, Chico não poderia deixar de
gravar um forró no disco. "Nego
Forró" tem tudo para estourar
nas casas de forró paulistanas, frequentadas hoje pela classe média
alta da cidade. "Aqui em São Paulo o forró tradicional tem sido
mais respeitado e valorizado do
que no Nordeste, onde grupos comerciais, na linha do Mastruz
com Leite, dominam o mercado.
Acho genial a juventude paulista
saber de cor músicas do Gonzagão e do Jackson."
A estréia de "Mama Mundi" nos
palcos vai ocorrer dia 4 de abril no
Heineken Concerts, no Tom Brasil, festival em que Chico vai se
apresentar na mesma noite da
cantora alemã Cora Frost. Em
maio, nos dias 5 e 6, o compositor
se apresenta no Festival de Jazz,
em New Orleans, nos Estados
Unidos, e volta ao país em agosto
e setembro para uma grande turnê. Antes, passa o mês de julho
em shows pela Europa.
Enquanto não cai na estrada,
Chico vai cuidando da divulgação
do disco. Durante toda a semana,
o cantor esteve em Matão, interior de São Paulo, gravando o videoclipe para a canção "Pensando em Você". O local das gravações foi uma fazenda da cidade,
onde estão instaladas cerca de
1.200 famílias de sem-terra. "Não
quero ser panfletário, mas achei
importante me aproximar dessas
pessoas. Já toquei em festivais de
sem-terra, tenho uma ligação forte com essa gente. Além disso, será importante para a molecada
que assiste MTV saber um pouco
da rotina de vida desse povo."
(TOM CARDOSO)
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