São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2005 |
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ERIKA PALOMINO MODA OLHA (DE NOVO) PARA A NOITE
Acha que acabou? Os desfiles
continuam -agora é a vez
da Casa de Criadores, que
rola de hoje a domingo em
nova e absurdinha locação, o
hospital Humberto Primo (al.
Rio Claro, 190, Bela Vista). Colaborou Sergio Amaral @ - epalomino@folhasp.com.br CONVERSINHA Cruzei com o apresentador e jornalista Zeca Camargo no meio do SoHo londrino. E eu nem sabia que ele estava lá, de férias. Conseguimos jantar depois num restaurante hype na Charlotte Street. Na saída, emendamos num lugar ali perto, onde Zeca foi reconhecido e passou de anônimo a celebridade. Como acho absurdo encontrar com pessoas conhecidas numa cidade do tamanho de Londres, fiz questão de aproveitar para fazer essa conversinha sobre assédio, fama e sobre o mundo, já que ele é viajandão profissional. Folha - É igual esbarrar com as pessoas em Londres, em São Paulo e no Rio? Zeca Camargo - No Brasil é mais fácil. Aqui, você que é conhecido vira um instrumento público de matar a saudade da pessoa. A reação é muito mais efusiva, mais forte. Folha - E em relação ao Rio? Lá as pessoas estão acostumadas a cruzar com os artistas, e ninguém liga se é a Glória Pires ou a Glória Menezes. Camargo - Ou a Gloria Maria! Folha - Ou a Gloria Maria! Camargo - No Rio, os espaços onde as pessoas circulam são mais limitados, se esbarra mais em pessoas conhecidas. Folha - Como é ser uma celebridade paulistana no Rio? Camargo - Ahhhh! Sabia que ia chegar a isso. Tem que brincar com isso. Há uma antipatia atávica entre Rio e São Paulo, que é uma bobagem. Tem gente interessante em São Paulo, no Rio, em Bancoc, em Londres... As pessoas são ótimas em qualquer lugar! ARTE EM LONDRES ABRE PORTAS DA PERCEPÇÃO Depois dos desfiles de Paris, fui fazer pesquisa e ver como está Londres. Quer saber? Está incrível, e eu poderia fazer uma coluna inteira de tudo o que vi. Para falar a verdade, não me interessei por nenhum dos DJs que estavam tocando por lá, então decidi fazer uma programação diurna com muitas exposições de arte. Que me abriram (mais) as portas da percepção. Na Tate Modern, perdi a fala diante de uma mostra do Beuys que não me atrevo a comentar -nem tenho erudição para isso. Mas posso falar da instalação "Raw Materials", de Bruce Nauman (no térreo do sensacional prédio da dupla de arquitetos Herzog & De Meuron, os mesmos da Prada Tóquio). Bem, ao menos descrever, sem pretensão. Ele colocou 22 gravações, espalhadas em alto-falantes laterais, que logo na entrada surpreendem: "Thank you, thank you, thank you". Aos poucos, ele vai criando uma tessitura sonora, transformando as palavras em esculturas, palpáveis na sua mente. Impossível não se aproximar para ouvir melhor, e elas têm, intencionalmente, diferentes volumes e idiomas. Tem até português, na fala "amazing luminous fountain" ("o verdadeiro artista é uma fonte luminosa", famosa frase criada por ele em 67). Ao caminhar pelo espaço, lentamente, as passagens e sons, fora de seu contexto, trazem ironia e sublimação. Texto Anterior: Bombardeio sonoro: Faithless usa dance para falar de política Próximo Texto: Cinema/estréia: Carlos Saldanha viaja ao futuro em "Robôs" Índice |
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