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Depois de "despedida", B.B. King volta ao Brasil
Pilar do blues, guitarrista americano toca no país após ameçar aposentadoria
B.B. King faz show hoje, amanhã e sábado em SP; apresentações devem ser pautadas por "One Kind Favor", lançado em 2008
VINICIUS MESQUITA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
B.B. King retorna ao Brasil
para uma nova turnê, maliciosamente chamada "One More
Time" (ou mais uma vez). Afinal, além de ser o músico fundamental para compreender o
blues entre os anos 1940 e os
dias de hoje, o guitarrista norte-americano também é um sujeito espirituoso.
Entre novembro e dezembro
de 2006, B.B. King veio ao país
apoiado em sua campanha pela
aposentadoria. Para os fãs, a
notícia provocava calafrios, e
eles se perguntavam, espantados: "Será verdade? B.B. King,
nos palcos, nunca mais?". Não
era bem assim. Zombar da própria despedida parecia fortificar o lendário guitarrista. Oficialmente, aqueles eram definidos como shows derradeiros,
mas, entre um comentário e
outro, B.B. King gargalhava e
deixava escapar: "Não sei...
Quem pode dizer o que vai
acontecer no futuro?".
E este "futuro" surpreende
até o maior dos otimistas. Para
a temporada brasileira 2010,
B.B. King reservou cinco datas:
esteve no Rio de Janeiro na terça, apresenta-se em São Paulo
hoje, amanhã e sábado -há ingressos apenas para o show de
hoje, a R$ 950 (leia ao lado)- e
conclui em Brasília, dia 22. A
turnê sul-americana ainda prevê espetáculos em Buenos Aires e Santiago. Mas a correria
não acaba. Entre abril e novembro, o músico já tem 24 shows
agendados: serão 15 espalhados
pelos Estados Unidos, oito no
Canadá e um no Marrocos. A
aposentadoria está distante.
Fazer piadas faz parte do espetáculo de B.B. King. Aos 84
anos (em 16 de setembro, completa 85), frágil e sem o fôlego
de 20 anos atrás, ele criou artifícios para não perder o encanto. Entre um dedilhado e outro,
costuma parar de tocar para
contar histórias dos velhos
tempos. Brinca com algum felizardo que esteja próximo ao
palco e sorri, sorri muito. O roteiro funciona, mas compromete pelo volume. Entre gracejos e bate-papos, não sobra
tempo para muitas canções.
O guitarrista não fala sobre o
repertório, mas as músicas do
álbum "One Kind Favor", gravado em 2008 (vencedor do
Grammy de melhor álbum de
blues tradicional), deve pautar
a base de seus shows.
É com este CD que B.B. King
rejuvenesceu a ponto de encontrar inspiração para se jogar
na estrada. O guitarrista apostou em 12 peças dedicadas ao
blues de raiz, sem espaço para
as fusões, e se entregou a clássicos nos quais jamais tinha colocado a mão. Foi uma oportunidade para homenagear, por
exemplo, os dois ídolos mais
importantes do início de sua
carreira: Lonnie Johnson (nas
composições "My Love Is
Down", "Backwater Blues" e
"Tomorrow Night") e Blind Lemon Jefferson (em "Se That
My Grave Is Kept Clean").
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