São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2011 |
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Ministério da Cultura confunde leis Ao explicar aprovação do projeto da cantora Maria Bethânia, pasta toma a Lei Rouanet por Lei do Audiovisual Nota atribui papel inexistente a comissão de avaliação; Bethânia poderá captar R$ 1,3 mi para blog com vídeos ANA PAULA SOUSA MARCUS PRETO DE SÃO PAULO Era para ser um esclarecimento simples. Mas virou uma nova confusão. Ao redigir uma nota para explicar a aprovação de um projeto da cantora Maria Bethânia, o MinC (Ministério da Cultura) acabou por expor uma fragilidade interna que nada tem a ver com as polêmicas que, habitualmente, cercam a renúncia fiscal para projetos da área cultural. A polêmica começou anteontem, quando a coluna Monica Bergamo, na Folha, noticiou a aprovação da captação de R$ 1,3 milhão para a produção do blog "O Mundo Precisa de Poesia". A cantora é a protagonista do projeto, que deve incluir 365 vídeos de 60 segundos -um por dia do ano- com coordenação do sociólogo Hermano Vianna e direção de Andrucha Waddington (do longa "Eu Tu Eles"). O assunto entrou rapidamente para a lista dos mais comentados no Twitter. O ministério, naturalmente, teve de vir a público para se explicar. No início da tarde de anteontem, mandou uma nota por meio de assessoria de comunicação. E foi aí que começou o outro imbróglio. TROCARAM AS BOLAS Se, para o cidadão comum, a diferença entre Lei Rouanet e Lei do Audiovisual é tão pouco óbvia quanto qualquer fórmula da física, para qualquer produtor ou gestor cultural, a distinção entre os dois mecanismos de renúncia fiscal é algo imediato, simples. Rotineiro, enfim. Por isso chamou a atenção o erro cometido anteontem. Na nota redigida pela assessoria de comunicação do MinC, estava escrito que o projeto de Bethânia, aprovado para captação pela Lei do Audiovisual, havia sido aprovado pela CNIC (Comissão Nacional de Incentivo à Cultura). Acontece que a CNIC só analisa projetos que se utilizam da Lei Rouanet. A Lei do Audiovisual, diferentemente, voltada ao apoio a obras cinematográficas de produção independente -a Rouanet pode ser utilizada por manifestações culturais de qualquer natureza-, é gerida pela Ancine (Agência Nacional de Cinema). Questionada pela reportagem da Folha sobre a incongruência, a assessoria de imprensa do MinC levou quase três horas para se manifestar. Redigiram uma "errata" na noite de anteontem. Procurado novamente pela Folha, o cineasta Andrucha Waddington deixou claro que já tinha perdido a paciência. "Parece que eu tô roubando alguém", afirmou. "É tão patética a discussão que eu não quero mais falar." O cineasta Jorge Furtado, que criticou o barulho em torno de um projeto absolutamente legítimo, contemporiza a falha. "Eu não distingo, também. O cinema que faço não usa Roaunet, então nem sei como funciona", diz. RESPOSTA DO MINC Procurado ontem pela reportagem, o MinC admitiu o "equívoco" e disse ter confundido "o nome do setor de atuação da secretaria com os nomes das leis que viabilizam captação de recursos via renúncia fiscal". Texto Anterior: Crítica/Drama: "Não Me Abandone Jamais" evita lado ético da clonagem Próximo Texto: Entenda o caso Índice | Comunicar Erros |
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