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Enrique Diaz
faz releitura
de lenda celta
da enviada especial
A partir de ciclos da natureza, da
lua, do plantio, das marés, da
menstruação, da vida e morte, que
os diretores Enrique Diaz e César
Augusto colocam em cena o mito
de Tristão e Isolda, que estréia hoje, no teatro Ópera de Arame, no
Festival de Curitiba.
``Tentamos buscar nesta adaptação o mito inicial. A história lida
com o tempo dos ciclos, e a estrutura do espetáculo também é cíclica. Os personagens fazem órbitas e
o público entra nos ciclos'', disse
Diaz, que também faz o papel de
Tristão.
Felipe Miguez, autor da adaptação, buscou nos druidas e celtas
uma história do mito da paixão
elaborada em 600 anos.
``Fomos à lenda, ao primitivo. É
uma história datada do século 7,
mas há registro da versão folhetinesca final, composta no século 12.
Ela foi passada de geração para geração'', afirmou Diaz.
Esta é a primeira vez que Diaz
monta um clássico. ``Os clássicos
servem para nos lembrar dos arquétipos que propiciam recursos
dramáticos.''
Enrique Diaz desenhou em cena
uma partitura em que os atores seriam as notas, a música, segundo
ele. Os atores tocam instrumentos
em cena e também cantam. ``A
música remete a um povo de algum lugar, em algum tempo.''
Há uma mistura de ingredientes
dos hinduístas, de símbolos do Japão, de música da Hungria. ``Tudo isso remete a um lugar neutro.''
Existem três cenas de luta. Para
desenvolvê-las, os atores fizeram
aulas de kung fu. O tratamento visual do espetáculo também é sofisticado e, segundo ele, o texto tem
certo barroquismo.
Nesta montagem, a maior preocupação não é inovar. ``O universo da lenda já está composto. O
que faço em `Tristão e Isolda' está
mais ligado ao teatro tradicional.
Não é um espetáculo de diretor, e
sim de ator, de músico...'', disse.
Seu próximo projeto, previsto
para 98, será ``As Cobaias de Satã'', mais um texto de Felipe Miguez. ``É uma subtrama do `Melodrama' que radicaliza a discussão
entre bem e mal'', disse.
De Curitiba, Enrique Diaz segue
para Minas Gerais, onde participa,
como ator, do filme ``Kenoma'',
de Eliane Caffé. ``Faço Jonas, um
personagem meio impressionista,
que não sabe bem de onde vem e
para onde vai.'', afirmou.
(DR)
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