São Paulo, terça, 18 de março de 1997.

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Enrique Diaz faz releitura de lenda celta

da enviada especial

A partir de ciclos da natureza, da lua, do plantio, das marés, da menstruação, da vida e morte, que os diretores Enrique Diaz e César Augusto colocam em cena o mito de Tristão e Isolda, que estréia hoje, no teatro Ópera de Arame, no Festival de Curitiba.
``Tentamos buscar nesta adaptação o mito inicial. A história lida com o tempo dos ciclos, e a estrutura do espetáculo também é cíclica. Os personagens fazem órbitas e o público entra nos ciclos'', disse Diaz, que também faz o papel de Tristão.
Felipe Miguez, autor da adaptação, buscou nos druidas e celtas uma história do mito da paixão elaborada em 600 anos.
``Fomos à lenda, ao primitivo. É uma história datada do século 7, mas há registro da versão folhetinesca final, composta no século 12. Ela foi passada de geração para geração'', afirmou Diaz.
Esta é a primeira vez que Diaz monta um clássico. ``Os clássicos servem para nos lembrar dos arquétipos que propiciam recursos dramáticos.''
Enrique Diaz desenhou em cena uma partitura em que os atores seriam as notas, a música, segundo ele. Os atores tocam instrumentos em cena e também cantam. ``A música remete a um povo de algum lugar, em algum tempo.''
Há uma mistura de ingredientes dos hinduístas, de símbolos do Japão, de música da Hungria. ``Tudo isso remete a um lugar neutro.''
Existem três cenas de luta. Para desenvolvê-las, os atores fizeram aulas de kung fu. O tratamento visual do espetáculo também é sofisticado e, segundo ele, o texto tem certo barroquismo.
Nesta montagem, a maior preocupação não é inovar. ``O universo da lenda já está composto. O que faço em `Tristão e Isolda' está mais ligado ao teatro tradicional. Não é um espetáculo de diretor, e sim de ator, de músico...'', disse.
Seu próximo projeto, previsto para 98, será ``As Cobaias de Satã'', mais um texto de Felipe Miguez. ``É uma subtrama do `Melodrama' que radicaliza a discussão entre bem e mal'', disse.
De Curitiba, Enrique Diaz segue para Minas Gerais, onde participa, como ator, do filme ``Kenoma'', de Eliane Caffé. ``Faço Jonas, um personagem meio impressionista, que não sabe bem de onde vem e para onde vai.'', afirmou.
(DR)

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