São Paulo, quarta, 18 de março de 1998

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Paredes que choram

FERNANDO BONASSI

Ninguém ligou no começo. Agora estamos assustados, porque não é o comum das pedras viverem desse jeito. Parece sal. Ondas brotam das paredes junto ao teto e formam figuras que tentamos adivinhar. Não têm relevo, embora dê pra jurar que fazem sombra. Escorrem do claro pro escuro a medida em que o sol as esquenta. A cada dia as manchas avançam e renovam o que querem dizer. Ficamos supersticiosos. Não achamos que seja um problema construtivo. A casa não deve cair, mas quando as paredes choram assim, é preciso investigar.



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