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TELEVISÃO
Vara da Infância proíbe menor no programa "Ratinho Livre" e Ministério Público abre investigação
Promotor e juiz ameaçam excessos na TV
DANIEL CASTRO
da Reportagem Local
A "guerra da baixaria" no horário nobre da TV brasileira despertou a Justiça. Anteontem, o juiz
Fermino Magnani Filho, da Vara
da Infância e da Juventude da Lapa, proibiu o programa "Ratinho
Livre" de exibir imagens do garoto
L., 15, que tem um tumor no osso
do rosto e a face toda deformada.
Ontem, o promotor de Justiça da
Cidadania Clilton Guimarães dos
Santos, 40, do Ministério Público
do Estado de São Paulo, instaurou
um "procedimento inicial para verificar a violação objetiva dos direitos à dignidade humana" nos
programas "Ratinho Livre", da
Rede Record, e "Márcia", do SBT.
O procedimento inicial é o primeiro passo para a abertura de um
inquérito civil, que pode, eventualmente, originar uma denúncia
e um processo no Judiciário.
O promotor Santos também
ameaça denunciar as emissoras ao
Judiciário toda vez que elas exibirem brigas, como vem ocorrendo
no "Márcia" e no "Ratinho Livre",
e pessoas portadoras de deficiências físicas e mentais e doenças,
caso do programa da Record.
Santos, em entrevista à Folha,
disse que entrará com ações indenizatórias, pedindo pelo menos
R$ 100 mil para um fundo coletivo, "sempre que as TVs exibirem
cenas que ofendam o direito constitucional à dignidade".
Além disso, o Centro de Referência da Criança e do Adolescente, órgão da Secretaria da Justiça
do Estado administrado pela
OAB-SP, pretende entrar com representação toda vez que o programa "Ratinho Livre" anunciar a
exibição de qualquer menor portador de deficiência ou doença.
Partiu do centro de referência a
representação que gerou a proibição da exposição do garoto L. no
"Ratinho Livre". O juiz exigiu ainda que o menino fosse entregue à
Vara da Infância e da Juventude.
Ontem à tarde, uma equipe do
"Ratinho Livre" iria entregar L. ao
juiz. As imagens seriam gravadas e
exibidas no programa.
O apresentador Carlos "Ratinho" Massa diz que só exibiria
imagens do garoto caso fosse
comprovado que a doença tem cura. No programa de segunda-feira,
um médico do Hospital Albert
Einstein disse que um tumor benigno cresceu no rosto do garoto e
se calcificou. Somente cirurgias
plásticas poderiam tentar restaurar sua face.
Lia Junqueira, coordenadora do
Centro de Referência da Criança e
do Adolescente, afirma que tomou
a iniciativa porque a exibição do
garoto seria "uma total falta de
respeito com o direito humano".
"Esse menino não pode ser exposto. Ele já vive trancado em casa e
mostrá-lo na TV seria uma violência. O garoto poderia entrar em
depressão", disse. "Sou contra a
censura, mas tem de haver um
controle das próprias emissoras.".
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