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Cecília Meireles ganha "reino" em homenagem a seus cem anos
FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir de hoje, quem visitar o
Solar Grandjean de Montigny, no
Rio, será recebido por Cecília
Meireles em sua real dimensão.
Primeiro, pela reprodução em
tamanho natural de uma foto da
poeta, com flores nos braços, logo
na entrada. E, em toda a casa, por
outro aspecto de sua real grandeza, maior que o 1,68 m de sua silhueta: a sensibilidade humanista
que marca seu pensamento e que
é o eixo da mostra "O Reino da
Poesia", até 16 de maio no local.
A exposição foi pensada pela
historiadora da arte Piedade
Grinberg e pela designer Fernanda Maria Correia Dias, para celebrar o centenário de Cecília Meireles (1901-1964), que se completa
em novembro -as curadoras
quiseram se adiantar a outros
eventos, "para que as pessoas
prestassem atenção", diz Piedade.
A mostra não reúne memorabilia da autora de "Romanceiro da
Inconfidência" (1953). "Não tem
a mesa em que ela escrevia, a cadeira", diz Fernandinha, como é
mais conhecida a neta da poeta
que organiza a mostra.
Para as curadoras, o importante
era criar um ambiente íntimo e
reflexivo para a homenagem
-termo que as duas preferem
usar ao qualificar a exposição.
Conceberam o evento sem pretensões didáticas, buscando traduzir a delicadeza de sua obra.
Ao longo da escadaria que leva à
casa, estão 14 manequins com
versos da escritora: "E minha vida/ Está completa/ Não sou alegre/ Nem sou triste/ Sou poeta"
[extraídos de "Motivo", poema
do livro "Viagem", 1939".
Nas varandas da casa, panos
transparentes trazem outros textos da escritora. No conjunto,
mais poesia e algumas fotos e desenhos. "É tudo simples, usando
xerox, preto e branco. A elegância
dela estava na absoluta simplicidade", diz a neta de Cecília, ao entrar em uma sala redonda, no térreo, que abriga uma espécie de
"autobiografia" da poeta: um espaço para textos e objetos que
contam um pouco de sua vida.
Frisando que a poeta "não acreditava em biografias, ela dizia que
a vida era como um jogo de cartas", Fernandinha ruma para o piso superior, onde outra sala redonda guarda a explicação de o
que seria, afinal, o reino da poesia
que dá nome à homenagem.
Frente a fotos suas e textos da
poeta, Fernandinha conta que esse lugar imaginário existe no mapa: é a ilha de São Miguel, uma das
nove do arquipélago português
dos Açores, de onde vieram a avó
e a mãe de Cecília.
A ilha aparece várias vezes na
obra da escritora. Só uma vez, porém, ela esteve no território onde,
diz, se poderia "recomeçar a vida
em termos humanos" e cuja propriedade proclama em "A Ilha do
Nanja", do livro "Ilusões do Mundo" [nanja é uma expressão de
negação nos Açores". Foi na ocasião, uma visita oficial em 1951,
que tomou-se a foto que, hoje,
saúda os que adentram "O Reino
da Poesia".
O REINO DA POESIA - textos, fotos e
desenhos de Cecília Meireles. Curadoria:
Piedade Grinberg e Fernandinha Correia
Dias.
Onde: Solar Grandjean de Montigny
(r. Marquês de São Vicente, 225, Rio, tel.
00/xx/21/529-9380).
Quando: hoje, às
20h; de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb.,
das 13h às 18h.
Quanto: grátis.
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