São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 2005

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CINEMA

Cine-PE exibe longa de Fontoura

"No Meio da Rua" une dois mundos na tela

TEREZA NOVAES
ENVIADA ESPECIAL AO RECIFE

Dois meninos vivendo na mesma cidade, mas em mundos diferentes. "No Meio da Rua", filme de Antonio Carlos da Fontoura que será exibido hoje no festival Cine-PE, em Recife, evoca a temática da exclusão social no Rio por meio de seus protagonistas: um garoto de classe média alta e outro pobre, que sobrevive fazendo malabares no trânsito.
O argumento foi inspirado em um episódio da vida do cineasta. "Um dia me perguntaram o que o meu filho estava fazendo vendendo drops no farol. Do apartamento onde morava, na entrada da Gávea, ele via os meninos trabalhando na rua e decidiu ajudá-los", conta Fontoura.
Na época, 1986, o diretor escreveu uma primeira versão do roteiro e resolveu filmá-la depois que os malabarismos substituíram as balas no sinal.
"Malabarista é diferente. Eles dão um show e recebem um cachê, não é uma relação servil."
É no semáforo que acontece a aproximação entre os dois personagens. Em seu percurso diário, o carro dirigido pelo motorista de Leonardo (Guilherme Vieira) pára onde Kiko (Cleslay Delfino) faz malabarismos com bolinhas.
Leonardo empresta seu Gameboy para Kiko, é repreendido pela mãe (Flávia Alessandra) e ele sai de casa para recuperar o brinquedo. "O garoto vai viver uma aventura no morro. É uma fábula urbana sobre a possibilidade de aproximação e sobre a busca da individualidade da criança", diz.
"Existe muito pouca convivência entre esses dois mundos por causa do medo. Fiz uma exibição na Escola Parque [colégio de classe média alta do Rio] e um dos alunos me disse: "Todas as crianças deveriam ver o filme porque a gente acha que eles são como bichos'", conta o diretor.
As gravações aconteceram em 2003, durante cinco semanas. "Dei sorte porque hoje o Vidigal está em pé de guerra e seria difícil filmar lá dentro."
Para entrar na favela, a equipe teve que negociar com os traficantes e com a associação de moradores.
A conversa foi intermediada por Daniel, o filho de Foutoura que inspirou a história e hoje é produtor de cinema.

"Cabra-Cega"
Nas noites de sexta e sábado, o festival, recebeu um público mais velho, diferente dos dois primeiros dias.
O Cine-PE acaba amanhã com a exibição de "Cabra-Cega", de Toni Venturi.


A jornalista Tereza Novaes viaja a convite do Cine-PE

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