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CINEMA
Cine-PE exibe longa de Fontoura
"No Meio da Rua" une dois mundos na tela
TEREZA NOVAES
ENVIADA ESPECIAL AO RECIFE
Dois meninos vivendo na mesma cidade, mas em mundos diferentes. "No Meio da Rua", filme
de Antonio Carlos da Fontoura
que será exibido hoje no festival
Cine-PE, em Recife, evoca a temática da exclusão social no Rio por
meio de seus protagonistas: um
garoto de classe média alta e outro
pobre, que sobrevive fazendo malabares no trânsito.
O argumento foi inspirado em
um episódio da vida do cineasta.
"Um dia me perguntaram o que o
meu filho estava fazendo vendendo drops no farol. Do apartamento onde morava, na entrada da
Gávea, ele via os meninos trabalhando na rua e decidiu ajudá-los", conta Fontoura.
Na época, 1986, o diretor escreveu uma primeira versão do roteiro e resolveu filmá-la depois que
os malabarismos substituíram as
balas no sinal.
"Malabarista é diferente. Eles
dão um show e recebem um cachê, não é uma relação servil."
É no semáforo que acontece a
aproximação entre os dois personagens. Em seu percurso diário, o
carro dirigido pelo motorista de
Leonardo (Guilherme Vieira) pára onde Kiko (Cleslay Delfino) faz
malabarismos com bolinhas.
Leonardo empresta seu Gameboy para Kiko, é repreendido pela
mãe (Flávia Alessandra) e ele sai
de casa para recuperar o brinquedo. "O garoto vai viver uma aventura no morro. É uma fábula urbana sobre a possibilidade de
aproximação e sobre a busca da
individualidade da criança", diz.
"Existe muito pouca convivência entre esses dois mundos por
causa do medo. Fiz uma exibição
na Escola Parque [colégio de classe média alta do Rio] e um dos
alunos me disse: "Todas as crianças deveriam ver o filme porque a
gente acha que eles são como bichos'", conta o diretor.
As gravações aconteceram em
2003, durante cinco semanas.
"Dei sorte porque hoje o Vidigal
está em pé de guerra e seria difícil
filmar lá dentro."
Para entrar na favela, a equipe
teve que negociar com os traficantes e com a associação de moradores.
A conversa foi intermediada
por Daniel, o filho de Foutoura
que inspirou a história e hoje é
produtor de cinema.
"Cabra-Cega"
Nas noites de sexta e sábado, o
festival, recebeu um público mais
velho, diferente dos dois primeiros dias.
O Cine-PE acaba amanhã com a
exibição de "Cabra-Cega", de Toni Venturi.
A jornalista Tereza Novaes viaja a convite do Cine-PE
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