São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 2011

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CRÍTICA

Sonorização problemática faz Sepultura atropelar orquestra

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O "encontro de gêneros" prometido pelo maestro Jamil Maluf acabou em atropelamento. O Sepultura passou por cima da Orquestra Experimental de Repertório na apresentação conjunta no palco da Luz, na Virada Cultural, sábado à meia-noite.
Não que não houvesse boa vontade de ambas as partes. Quando a cortina se abriu, os integrantes da sinfônica saudaram a plateia com o sinal característico dos metaleiros, dedos em forma de chifres.
Embora os fãs da banda demonstrassem impaciência, atirando cadeiras na direção do regente durante a obra inicial do espetáculo -a abertura da ópera "Os Mestres Cantores de Nuremberg", de Wagner, de dez minutos de duração-, o guitarrista Andreas Kisser saudou a orquestra com um entusiástico "vocês são foda!".
O problema foi a sonorização, que, se amplificou magnificamente o som do Sepultura, relegou a sinfônica a um plano excessivamente secundário.
O baixo de Paulo Jr. soava mais que o naipe orquestral de contrabaixos. Os repiques de bateria de Jean Dolabella encobriam os metais, e os solos de Kisser faziam parecer que não havia violinos.
A ocasião funcionou como um show do Sepultura, com o público urrando com o vocal de Derrick Green, balançando a cabeça e formando pirâmides humanas.
O espetáculo trouxe ainda "Ludwig Van", uma brincadeira com os temas da "Nona Sinfonia", de Beethoven, na qual a plateia, espontaneamente, começou a cantar a "Ode à Alegria" em uníssono com um solo de Kisser.
Foi o momento mais belo da noite, e um sinal do que talvez poderia ter acontecido com uma amplificação minimamente equilibrada.



ORQUESTRA EXPERIMENTAL DE REPERTÓRIO E SEPULTURA
AVALIAÇÃO regular



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