São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 2000


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Pela primeira vez no país, orquestra considerada a melhor do mundo fará quatro concertos
Filarmônica de Berlim traz Mahler e Beethoven
Enfim no Brasil

Reuters - 11.mai.1997
A Filarmônica de Berlim, em concerto no teatro Massimo de Palermo (Itália); orquestra se apresenta no Teatro Municipal de São Paulo, de segunda a quarta-feira


JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Filarmônica de Berlim, padrão mundial de perfeição sinfônica, chega pela primeira vez ao Brasil, com três concertos, entre segunda e quarta, no Teatro Municipal de São Paulo. Ela possui uma sonoridade em muitos sentidos extraordinária -como a sutileza primaveril de suas cordas e o brilho não ofuscante de seus sopros-, preservada por uma sucessão de maestros que nunca permitiram algo próximo do desempenho mediano.
Estará sob a direção do italiano Claudio Abbado, 66, sucessor em 1990 de Herbert von Karajan e que será sucedido, a partir de 2002, pelo inglês Simon Rattle.
A orquestra tem agendadas na atual temporada 93 récitas em sua sede berlinense e 29 fora dela. Quatro destas serão no Brasil. Além das três paulistanas -na temporada do Mozarteum Brasileiro-, haverá uma quarta, dia 26, no Municipal do Rio.
Berlim chega com 135 músicos e 15 diretores ou funcionários de apoio. Seus instrumentistas têm um incrível padrão técnico.
Com formação masculina até 1982, quando a contratação de uma violinista suíça provocou exótica controvérsia, a filarmônica conta hoje com 12 mulheres.
Abbado programou para São Paulo um primeiro concerto com a "Sinfonia nº 9" de Gustav Mahler, peça para a qual, para os mahlerianos iniciados, Berlim tem em sua discografia a mais intrigante das versões, regida por Leonard Bernstein. A orquestra gravou a mesma "Nona" com John Barbirolli, Karajan, Kurt Sanderling e com o próprIo Abbado.
O segundo concerto é dedicado a duas sinfonias -a "Sexta" e a "Sétima"- de Ludwig van Beethoven, compositor com o qual a Berlim possui uma histórica relação de perfeição e redescoberta, sobretudo sob a regência do antológico Wilhem Furtwaengler (1886-1954), por dois longos períodos seu diretor musical.
O terceiro concerto é mais leve, com peças de Antonín Dvorák ("Sinfonia Novo Mundo"), Claude Debussy ("Noturnos") e Maurice Ravel ("La Valse").
A Filarmônica de Berlim é a orquestra de cachê mais elevado do mundo. Está cobrando, segundo corre no meio musical, R$ 500 mil por concerto. Os ingressos, colocados à venda em 24 de abril, esgotaram-se em quatro dias.
Custaram de R$ 80 a R$ 280. Em sua sede berlinense, o Philharmonie, o ingresso para uma récita normal custa de R$ 34 a R$ 72.
O Mozarteum diz estar há 15 anos com a opção dos três concertos paulistanos em sua agenda. A turnê sul-americana também dependia do fechamento de dois concertos em Buenos Aires.
Esperava-se que a orquestra se exibisse na Sala São Paulo. Mas tanto o Mozarteum quanto a Secretaria Estadual da Cultura negam ter havido negociações.


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