São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 2000


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Malkovich e Dafoe celebram "Nosferatu"

DO ENVIADO A CANNES

"Shadow of the Vampire" (Sombra do Vampiro) procura lançar um olhar original sobre os bastidores das filmagens de um dos principais títulos do cinema expressionista alemão: o "Nosferatu" (1922), de F. W. Murnau (1889-1931). Três astros americanos reuniram-se para bancá-lo: Nicolas Cage como produtor, John Malkovich como intérprete do cineasta alemão e Willem Dafoe no papel de Max Schreck, o desconhecido ator imortalizado como Nosferatu.
O roteiro de Steven Katz ("Da Terra à Lua") foi o ponto de partida. "Há dez ou 11 anos me interessei por "Nosferatu'", lembra o escritor. "Gostava especialmente do fato de que o filme parece incrivelmente realista -a ponto de dar a impressão de que estamos assistindo a um velho documentário sobre um vampiro. Nasceu daí um projeto sobre o que aconteceria se o ator que interpretou o vampiro fosse um vampiro."
As poucas informações existentes sobre o protagonista do filme de Murnau facilitaram a livre criação. Por trás de seus cacoetes stanislavisquianos, o Schreck de "Shadow" mal consegue ocultar que é Nosferatu. Teme a luz, alimenta-se de sangue e só trabalha em troca da promessa de que poderá atirar-se no pescoço da mocinha ao final das filmagens.
Maquiagem e figurinos pesados não impediram Willem Dafoe de compor um Nosferatu todo próprio, que remete tanto ao de Schreck quanto ao de Klaus Kinski na refilmagem de Herzog. A coreografia de seus olhos é talvez a maior atração de todo filme.
Malkovich não convence tanto. Seu Murnau começa estridente e temperamental. Em resumo, mais Malkovich que Murnau. O tom se ajeita a partir da metade do filme, mas o estrago já está feito. Talvez consciente disso, o ator não se juntou à equipe para a sessão de estréia anteontem à noite e ganhou um seco agradecimento do diretor, E. Elias Mehrihe.
Mehrihe reconstitui com elegância cenas de Murnau e alterna-as com a recriação das filmagens. O enfoque "realista" alcança, não raras vezes, resultados cômicos, nem sempre voluntários. "Shadow" é curioso, mas o mistério de "Nosferatu" nem arranhado foi. (AL)



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