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Malkovich e Dafoe celebram "Nosferatu"
DO ENVIADO A CANNES
"Shadow of the Vampire"
(Sombra do Vampiro)
procura lançar um olhar original
sobre os bastidores das filmagens
de um dos principais títulos do cinema expressionista alemão: o
"Nosferatu" (1922), de F. W. Murnau (1889-1931). Três astros americanos reuniram-se para bancá-lo: Nicolas Cage como produtor,
John Malkovich como intérprete
do cineasta alemão e Willem Dafoe no papel de Max Schreck, o
desconhecido ator imortalizado
como Nosferatu.
O roteiro de Steven Katz ("Da
Terra à Lua") foi o ponto de partida. "Há dez ou 11 anos me interessei por "Nosferatu'", lembra o escritor. "Gostava especialmente do
fato de que o filme parece incrivelmente realista -a ponto de
dar a impressão de que estamos
assistindo a um velho documentário sobre um vampiro. Nasceu
daí um projeto sobre o que aconteceria se o ator que interpretou o
vampiro fosse um vampiro."
As poucas informações existentes sobre o protagonista do filme
de Murnau facilitaram a livre criação. Por trás de seus cacoetes stanislavisquianos, o Schreck de
"Shadow" mal consegue ocultar
que é Nosferatu. Teme a luz, alimenta-se de sangue e só trabalha
em troca da promessa de que poderá atirar-se no pescoço da mocinha ao final das filmagens.
Maquiagem e figurinos pesados
não impediram Willem Dafoe de
compor um Nosferatu todo próprio, que remete tanto ao de
Schreck quanto ao de Klaus Kinski na refilmagem de Herzog. A coreografia de seus olhos é talvez a
maior atração de todo filme.
Malkovich não convence tanto.
Seu Murnau começa estridente e
temperamental. Em resumo,
mais Malkovich que Murnau. O
tom se ajeita a partir da metade do
filme, mas o estrago já está feito.
Talvez consciente disso, o ator
não se juntou à equipe para a sessão de estréia anteontem à noite e
ganhou um seco agradecimento
do diretor, E. Elias Mehrihe.
Mehrihe reconstitui com elegância cenas de Murnau e alterna-as com a recriação das filmagens.
O enfoque "realista" alcança, não
raras vezes, resultados cômicos,
nem sempre voluntários. "Shadow" é curioso, mas o mistério de
"Nosferatu" nem arranhado foi.
(AL)
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