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Quarteto de helicópteros integra ópera
DA REDAÇÃO
Na última segunda-feira,
Stockhausen recebeu o Polar
Music Prize, um dos mais
significativos do mundo, entregue pela Academia Real
de Música da Suécia a músicos pela sua contribuição
cultural. Dividiram o prêmio com o alemão o compositor Burt Bacharach e Robert Moog, inventor do teclado que leva o seu nome.
O próximo passo de Stockhausen é a estréia de "Wednesday", do ciclo de óperas
"Licht", em 3 de setembro de
2003, em Berna, Suíça.
Entre as peças apresentadas, está "Helicopter String
Quartet", em que nada menos do que quatro helicópteros e um quarteto de cordas
(viola e violino) são a "orquestra".
Cada músico embarca em
um helicóptero, aparelhado
com câmeras de vídeo e microfones que captam imagens e sons dos instrumentos e da própria aeronave, e
sobrevoa o local da apresentação a 6 km de altura. O público assistirá e ouvirá a tudo
em quatro colunas de televisores e outras quatro de alto-falantes no solo.
Hoje Stockhausen mora
em Kürten, na Alemanha,
próximo de onde nasceu
("do outro lado do Reno",
diz) em 1928, filho de fazendeiros simples. Nos seus primeiros 30 anos pouco saiu
da vila perto de Colônia.
Na sua infância, o rádio foi
um acontecimento. "Era um
objeto curioso." Era de onde
ele "tirava" as músicas de
ouvido com extrema facilidade ao piano. E a sua concepção de mão única do rádio -o ouvinte apenas escutava, não havia interação- era a chave para acionar os mecanismos de curiosidade de Stockhausen.
Ele começou a trabalhar
em estúdios, produzindo
música e suas combinações
sonoras em 1952. Tudo na
mão. A duração de uma música era medida na régua, e a
fita de rolo era cortada com
tesoura que depois era colada (com cola, mas hoje isso
não é mais pleonasmo) em
outro trecho da fita. A gênese do breakbeat.
Aluno de Olivier Messiaen
e contemporâneo de Pierre
Boulez e Gyorgy Ligeti, vanguardista da música concreta, Stockhausen tornou-se
exclusivamente eletrônico
nos anos 60, quando criou
"Microphonie 1", trabalho
inspirado pela descoberta
recente da variedade ilimitada de sons extraídos de qualquer instrumento aliado a
microfones e filtros.
"Até 1998 minha música
era apenas eletrônica, mas o
diretor da rádio de Colônia
fechou a emissora e vendeu
o prédio, onde havia o estúdio em que trabalhava. E
agora tenho atuado apenas
em casa, mas não é suficiente. Preciso de mixers especiais que são imensos e necessitam de muito espaço
para serem ouvidos corretamente, com alto-falantes em
volta e embaixo do ouvinte."
Aos 72 anos, Stockhausen
ainda desconhece a palavra
limite.
(MN)
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