São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 2006

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MÚSICA

Zoombido estréia e fala sem nada dizer

RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA FOLHA

Pensando no mundo da música, a televisão é um formato com muitas possibilidades. Clima despretensioso, convidados contando suas histórias e tocando violão, em um ambiente legal e com abordagem bacana - o formato de um novo programa com grandes potenciais aparece bem esboçado em Zoombido, estréia de hoje do Canal Brasil, sob o comando do cantor-apresentador Paulinho Moska.
Infelizmente, as boas intenções morrem na praia e o resultado é mais um fortalecedor do status quo das obviedades e clichês da MPB. Gilberto Gil é o convidado neste primeiro programa de uma série semanal que contará ainda com gente como Lenine, Chico César, Toni Garrido, Otto, Oswaldo Montenegro, Frejat, Celso Fonseca - escalação exemplar do que de mais chato existe na música brasileira. Moska surge como um legítimo representante da MPB que se lambe, deslumbrada com a própria genialidade.
Ao longos dos programas, 26 compositores criarão, em etapas, uma música coletivamente, "Para Se Fazer uma Canção", que dá ao programa subtítulo que explica suas intenções - as conversas giram em torno do processo de criação da música por seus compositores.
Na estréia, Gil mostra um de seus principais talentos: a maestria absoluta do falar sem dizer.
O músico-ministro tem a rara habilidade de monologar por horas sem dizer absolutamente nada. Entre histórias de como aprendeu a transformar "temor em amor" (palavras de Moska), ele em certo momento brinca de criar poesias com palavras soltas. Se sai com "Isso vê espaço / Mulher melhor tesouro / Diz tal chuva de verdade".
O problema é que, ao final, o programa é como Gil: fala, fala, fala, fala e não diz nada. Tem, ao menos, uma qualidade: sua brevidade. Depois de apenas dois blocos e 25 minutos, fim.


Zoombido - Para Se Fazer uma Canção
Quando: hoje, às 22h, no Canal Brasil



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