São Paulo, sexta-feira, 18 de maio de 2007

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Cinema/estréias - Crítica/"Olhe para os Dois Lados"

Diretora estreante usa animação para colocar frescor em romance comum

CRÍTICO DA FOLHA

Há um parentesco estreito entre "Eu, Você e Todos Nós" (2005), primeiro longa-metragem da artista performática norte-americana Miranda July, e "Olhe para os Dois Lados" (2005), da animadora australiana Sarah Watt, a começar pelo fato de que ambos procuram trazer algum frescor ao cinema de ficção com o uso de procedimentos emprestados de outros quadrantes.
São também dois filmes realizados de maneira autoral por mulheres empenhadas em observar as frágeis conexões (sobretudo as sentimentais) entre as pessoas com uma bem-humorada sagacidade. Para isso, servem-se de meia dúzia de personagens errantes, ao menos de acordo com os padrões convencionais de dramaturgia: eles não sabem direito para onde vão, e o espectador, menos ainda.
Em "Olhe para os Dois Lados", que disputou a competição de novos diretores da Mostra Internacional de São Paulo em 2006, os caprichosos arranjos do destino aproximam essas figuras um tanto angustiadas, outro tanto inquietas, a partir de um acidente que vitima um distraído dono de cachorro, testemunhado por uma artista plástica (Justine Clark) que acabou de perder o pai.
Dois especialistas em notícias ruins, um repórter (Anthony Hayes) e um fotógrafo (William McInnes), entram no circuito para cobrir o fato e, ao também contrastá-lo com o que vivem naquele momento, fazem caminhar essa trama de fundo romântico tão desajeitado (logo, humano) quanto seus personagens, e cujos aspectos mórbidos (mas trabalhados com humor) Watt costura com a ajuda de animações que, se geram o tal frescor, também sublinham as características errantes do filme. (SÉRGIO RIZZO)

OLHE PARA OS DOIS LADOS
Direção: Sarah Watt
Produção: Austrália, 2005
Com: Justine Clark, Anthony Hayes
Quando: estréia hoje nos cines Espaço Unibanco, HSBC Belas Artes e circuito
Avaliação: regular


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