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Iñárritu incomoda com separações; Mike Leigh volta em ótima forma
DA ENVIADA A CANNES
Revelado em Cannes na Semana da Crítica, de onde saiu
com o prêmio do júri por
"Amores Brutos" (2000), e duplamente premiado em 2006,
com "Babel", o mexicano Alejandro González Iñárritu voltou a perturbar o Palais.
"Biutiful", selecionado para a
mostra competitiva, deixou o
ar pesado. As respirações presas. Os quatro anos de parada e
o fim da parceria com o roteirista Guillermo Arriaga não
mudaram em nada o olhar do
diretor para o mundo.
A pobreza, a dor física, as separações forçadas e as imagens
construídas com o propósito de
incomodar estão todas de volta.
Os chineses que trabalham
clandestinamente na Espanha
e uma família esfacelada pelo
alcoolismo e pela doença são o
ponto de partida da narrativa.
O espanhol Javier Bardem, que
faz o personagem central, ressurge em um grande papel.
"Biutiful", como outros filmes de Iñárritu, deve provocar
amores e ódios.
Leigh
Mas é, ao lado de "Another
Year" (outro ano), de Mike
Leigh, o que de mais impactante apareceu na competição.
O cineasta britânico, que já
passara por Cannes com "Naked" (nu; 1993), "Segredos e
Mentiras" (1996), ganhador da
Palma de Ouro, e "Tudo ou Nada" (2001), voltou a exibir sua
melhor forma cinematográfica.
Apesar de, com uma semana
de festival pela frente, quaisquer previsões terem um quê
de tolice, é irresistível fazê-las.
E é difícil imaginar que o filme
de Leigh seja ignorado pelo júri
presidido pelo cineasta Tim
Burton, sobretudo nas categorias de ator e atriz.
Lesley Manville, presente em
vários outros trabalhos de
Leigh, faz o espectador partilhar de sua bipolaridade do começo ao fim do filme.
Peter Wight, como o homem
que come compulsivamente,
transforma seu discreto papel
num tipo marcante.
Imelda Staunton, a protagonista de "O Segredo de Vera
Drake", numa curtíssima aparição, resume todas as aflições da
contemporaneidade que Leigh,
sem nos furtar de divertidas risadas, jogou na tela em "Another Year".
(APS)
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