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ARTES PLÁSTICAS
Pinacoteca vê "século de ouro" espanhol
da Reportagem Local
São Paulo tem a partir de hoje a
oportunidade de ver, na Pinacoteca do Estado, 34 obras de 24 artistas, produtivos no mais importante período da criação artística espanhola, o século 17, que, por seu
esplendor, ficou conhecido como
"século das luzes".
Serão apresentadas obras de Velázquez, El Greco, Jusepe de Ribera, Zurbarán e Herrera, o Velho,
entre outros, provenientes do Museu do Prado, em Madri, e outros
museus espanhóis e franceses.
A curadoria de Edouard Pommier privilegiou três tipos de produção da época: temas religiosos,
retratos e naturezas-mortas.
A ingerência da igreja na vida
cotidiana da época fez com que a
maioria da produção da época fosse de motivos religiosos e que temas mitológicos e cotidianos fossem relegados ao ostracismo.
Mesmo as naturezas-mortas espanholas ("bodegón") da época
eram contaminadas pelo sentimento religioso e a disposição dos
objetos era tão rigida e bem cuidada que parecia vítima de uma ordenação litúrgica.
Uma exceção é a pintura do gênio sevilhano Diego Velázquez
(1599-1660), um aluno de Herrera,
o Velho (também na mostra), que
cultivava inicialmente especial
predileção por temas populares,
talvez influência do mundano Caravaggio, que lhe transmitiu ainda
o nítido contraste "chiaroscuro".
O pintor comparece com um retrato de "Dom Antonio, o Inglês" (1675), do acervo do Prado.
O nobre aparece ao lado de um cão
e ultrapassa em pouco a estatura
do animal, revelando assim uma
outra característica do pintor, que
retratou anões e bufões da corte
espanhola com a mesma majestade dos nobres.
Velázquez ainda é ponto de referência para artistas contemporâneos, como Waltercio Caldas, que
lançou no ano passado o livro
"Velázquez", em que "esvaziou" telas do pintor de seus personagens.
Francisco de Zurbarán
(1598-1664), outro grande nome
da pintura espanhola do século,
desenvolveu sua carreira a serviço
de potentes ordens religiosas da
época e tornou-se um dos maiores
representantes de uma espiritualidade severa e dramática.
Zurbarán é uma exceção em relação aos pintores de motivos religiosos da primeira metade daquele século, que abriram mão da austeridade em favor de pinturas religiosas mais populares, como que
personagens de uma cena doméstica. Um exemplo é a tela "Santa
Luzia" (1636), do acervo do museu de Chartres.
Nessa primeira metade de século, um destaque de uma pintura
religiosa menos rígida era Francisco de Herrera, o Velho
(1585-1675), que comparece com a
pintura "A Multiplicação dos
Pães" (1640).
Pintor e gravador sevilhano, em
suas primeiras obras demonstrava
suas influências maneiristas, adquiridas com a observação de gravuras flamengas do século 16.
Herrera, o Velho também ficou
conhecido por atividades menos
lícitas que a pintura, como a falsificação de moedas.
Restauração
A Pinacoteca também inaugura
hoje uma mostra com 30 obras
restauradas na própria entidade,
de autores como Almeida Júnior
("Ponte da Tabatinguera"), Pedro Alexandrino ("Natureza"),
Sylvio Alves ("Três Graças") e
outros. Entre elas também se encontram quatro telas da alagoana
Fundação Pierre Chalita, restauradas na Pinacoteca.
(CF)
Mostras: Luzes do Século de Ouro na
Pintura Espanhola e Obras Restauradas do
Acervo Permanente
Onde: Pinacoteca do Estado (praça da Luz,
2, tel. 011/227-6329 e 011/229-0795)
Vernissage: hoje, às 19h30
Quando: de terça a domingo, das 10h às
18h. Até 14 de junho
Quanto: R$ 5 e R$ 2 (estudantes). Grátis às
quintas-feiras
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