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Garimpo será o cenário de "Latitude 9"
CLÁUDIA GURFINKEL
free-lance para a Folha
As filmagens
de "Latitude 9º",
novo longa-metragem do cineasta Toni
Venturi, têm
início no dia 9 de
junho em um
garimpo abandonado próximo à
cidade de Poconé, no Mato Grosso.
Hoje, no auditório da Folha, o
elenco participa de uma leitura do
roteiro, aberta ao público.
Baseado em texto teatral inédito
do escritor e colunista da Folha
Fernando Bonassi, "As Coisas
Ruins da Nossa Cabeça", o filme é
um ensaio sobre a solidão, a esperança e o amor em um Brasil interiorano e rústico.
Os personagens são vividos por
Débora Duboc (Lena) e Cláudio
Jaborandy (Vilela). Haverá ainda
uma participação especial, para a
interpretação do comandante
Motta (o ator não está definido).
Segundo Venturi, diretor e produtor, o filme parte de uma proposta cinematográfica que privilegia as idéias e provoca certo impacto no espectador. "É uma dramaturgia enxuta, direta e provocante", diz. As filmagens serão rápidas -quatro semanas-, e o
longa está orçado em R$ 700 mil.
Até o final de maio, os atores, que
estão sendo preparados pelo encenador Márcio Aurélio, participam
de ensaios em São Paulo. O galpão
reproduz os cenários da filmagem.
"Não tenho condições de manter
uma equipe de aproximadamente
30 pessoas por muito tempo na locação. Os ensaios acabaram sendo
uma necessidade financeira e dramatúrgica", diz Venturi. "Quero
chegar ao set de filmagem sabendo
como vai ser, com tudo mais ou
menos pronto e ensaiado."
O encontro de Bonassi e Venturi
aconteceu há dois anos, quando
eles começaram a discutir a adaptação do texto teatral para o cinema. Segundo Venturi, só uma mudança foi feita: a inclusão de Motta.
A história foi mantida em tempo
real e não tem flashback.
O roteiro, escrito por Di Moretti,
foi semifinalista do Sundance/
NHK International Filmmakers
Award em 1998, promovido pelo
Sundance Institute -ligado ao
festival de cinema independente
que acontece em Utah (EUA).
Além disso, venceu o Prêmio de
Roteiro do Ministério da Cultura e
o Prêmio Linc de Desenvolvimento de Projeto, este da Secretaria de
Estado da Cultura de São Paulo.
A história tem início quando Vilela, um ex-policial militar, encontra abrigo em um bar de beira de
estrada, em uma região decadente
devido ao fim do garimpo de ouro.
O pequeno negócio é de Lena, uma
mulher grávida de oito meses de
um homem que a abandonou (o
comandante Motta). "Lena é uma
pessoa seca, em um estado de desespero, no limite da loucura", diz
Débora. "Mas, com a chegada de
Vilela, ela passa a ter esperanças e a
acreditar na vida."
Ele reforma o lugar e vai se aproximando dela. Porém, de maneira
inesperada, Vilela desaparece levando consigo todas as economias
da mulher. "Ela vive uma nova
frustração e dá à luz o filho no local, sozinha", afirma Débora. Um
dia, Vilela aparece com novos planos. Lena reluta a acreditar que o
dinheiro tenha sido usado para
montar um novo negócio para
eles, mas a esperança reacende.
"Lena é uma guerreira que vive
uma história de encontro e desencontro. A vida a chama para a realidade", diz Venturi. "Já Vilela é sonhador e altruísta, mas tudo o que
planeja dá errado."
Quando o casal está prestes a sair
do local, recebem a visita do comandante Motta, que traz novidades de São Paulo. "Mas Motta é cínico e obscuro, não liga para o próprio filho e abandona-os definitivamente", afirma o autor.
Motta pode ser comparado ao
deus ex-machina da tragédia grega, que resolvia os problemas. Só
que, nesta tragédia moderna, ele
vem para criar problemas.
O colunista
José Simão está em férias.
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