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CLOSE-UP PLANET ANHEMBI, 15/5
Show de DJ: o fim dos tempos e o começo de outros
MARCELO NEGROMONTE
da Redação
Houve pelo menos uma vantagem no cancelamento da edição de
98 do Close-Up Planet: a apresentação de DJs este ano. Fato bastante ilustrativo destes tempos com o
rock em baixa, já que nunca houve
dois DJs como atrações, tocando
num festival de música desse porte
no Brasil.
O sujeito lá, sozinho no palco,
olhando pra baixo, se abaixando
para pegar discos; o telão, de qualidade vergonhosa, exibindo tudo
com edição videoclípica; o público
aplaudindo -a música eletrônica
se apropria do formato consagrado pelo rock: os shows ao vivo.
É o fim dos tempos -e começo
de outros interessantes. Sem suor,
sem solos de guitarra ou bateria
-sem instrumentos "convencionais"-, sem fãs histéricos, sem
correrias pelo palco, entrando mudo e saindo calado, um show de DJ
teoricamente teria tudo para levar
uma platéia de um show ao sono.
Há apenas a manipulação dos
discos, como sendo algum "efeito"
visual. A troca dos discos, a mão
no vinil fazendo um "scratch"
(onomatopéia do efeito de girar o
disco ao contrário) são as poucas
imagens do DJ num palco.
É o anti-PopMart, megashow do
U2, com um megatelão, megaparafernália, megaefeitos, tudo muito bonitinho e grande, e a música
em segundo plano. Seria porque
esse tipo de música (pop, rock) carece de atrações visuais para se tornar interessante ao vivo?
O DJ Marky provou, no último
sábado, no estacionamento do
Anhembi, em São Paulo, que sim.
Com mais de uma hora de apresentação, Marky deveria ter entrado depois do inglês Roni Size, e
não o inverso como é praxe com
atrações estrangeiras no país.
Pode-se falar em drum'n'bass
brasileiro com o animado Marky.
É quente, suingado, pesado, com
especiarias -a Inglaterra não tinha como não se render ao paulistano da Penha. Como o futebol, a
história se repete: os ingleses inventam (futebol, drum'n'bass) e
um brasileiro leva o queixo de todos ao chão (Pelé, Marky).
O som, claro, não era o ideal; deveriam existir caixas acústicas nos
lados e atrás da platéia. Telões e
iluminação são a cereja do sorvete
e que precisavam ser mais bem
aproveitadas no último sábado.
Como aconteceu na noite anterior, na casa noturna Gitana, o DJ e
produtor inglês Roni Size teve trabalho duro para suceder Marky
nas pick-ups. Com o MC (mestre-de-cerimônias) Dynamite nos vocais, Size apresentou remixes de
músicas de "New Forms", álbum
de 97, pontos altos do seu show.
E tudo parecia uma grande rave,
mas os DJs não eram popstars.
Com esse Close-Up, abriu-se no
país um precedente inevitável: os
DJs podem sair de seus habitats
naturais, os clubes, e ocupar um
palco com mais de 20 mil pessoas
na frente. Impossível há menos de
uma década.
Avaliação:
(DJ Marky) e
(Roni Size)
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