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18ª SP FASHION WEEK
Organizadores trazem maior delegação da história do evento, com 120 pessoas, para ver produção nacional
Internacionais vêem Brasil como renovação
ANDRÉ DO VAL
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Os organizadores da São Paulo
Fashion Week trouxeram para esta 18ª edição a maior delegação internacional já vista até aqui. Ao
todo, são 120 jornalistas, stylists e
compradores credenciados nesta
temporada, além de equipes de
TV e fotografia.
Ainda que não tenham vindo
nomes importantes que estiveram aqui em outras edições -como o editor Godfrey Deeny, do
"Fashion Wire Daily", e Collin
McDowell, do "Sunday Times"
inglês-, muitos estão de volta e
já começam a acompanhar a moda brasileira de maneira mais sistemática.
Sensualidade, jovialidade e diversidade ainda são a primeira
menção, principalmente para os
estreantes na temporada paulistana. Jornalista free-lancer da revista de estilo "Flaunt" e colaborador
do importante jornal especializado "Women's Wear Daily", Robert Barr compara a sensualidade
brasileira com a de sua cidade natal, Los Angeles, mas observa:
"Nós somos mais agressivos em
resposta ao puritanismo norte-americano. Aqui é tudo mais leve
e natural".
Para Tiziana Cardini, diretora
de moda da "Glamour" da Itália,
o fato de o Brasil ser um "país novo" pede que tudo seja visto com
mais atenção: "O que eu busco
aqui é o cruzamento de idéias diferentes, usando a diversidade
cultural do país".
Outro ponto que favorece o
Brasil como fonte de renovação
para o mercado global é um apontado diálogo da passarela com a
rua. Tiziana Cardini acredita que
é quando os estilistas tiram pistas
do que está à volta que a brincadeira dá certo e diz estar de olho
em publicações jovens, de moda e
de comportamento. Barr concorda: "É preciso estar em sintonia
com o que está ao redor -mas
sem copiar outros estilistas".
O gancho é bom e remete a uma
crítica clássica no que diz respeito
à identidade da moda brasileira.
O Brasil copia? "Todo mundo copia", explica Robb Young, free-lancer para a revista inglesa "i-D".
"Não é a cópia que incomoda,
mas sim a falta de assinatura", diz
o jornalista.
Para o stylist britânico Judy Blame, que fez história na revista
"The Face" nos anos 80 e agora
acaba de fechar um contrato para
assinar linhas de acessórios para a
Comme des Garçons e Helmut
Lang, é comum localizar a mesma
inspiração em desfiles diferentes.
Para ele, que já assinou trabalhos de styling para Carlos Miele e
está aqui desta vez para realizar
um editorial com peças brasileiras
e internacionais para a revista "i-D", a produção brasileira tem
atingido ótimos resultados, apesar de não ter a mesma tradição
que os europeus na moda.
Young observa, entretanto, que
a qualidade e a preocupação rigorosa com o acabamento do produto final "made in Brazil" ainda
não atingiram "o último estágio
de desenvolvimento".
Akiko Ichikawa, da "Senken
Shimbun" e da "Harper's Bazaar"
do Japão, em sua quarta temporada no evento, posiciona a São
Paulo Fashion Week como "o
mais organizado evento de moda
do mundo": "O diferencial são os
desfiles num mesmo espaço e a
decoração fantástica". Blame,
também na quarta viagem, ficou
surpreso com a estrutura já quando veio pela primeira vez. "Os ingleses são muito desorganizados", compara.
Os internacionais estão de olho
em tudo. Armand Adida, o famoso comprador da multimarca
francesa L'Eclaireur, ficou de olho
no sapato de uma editora brasileira na primeira fila e foi logo perguntando de onde era. Interessou-se ao saber que levava a assinatura da brasileira Francesca
Giobbi e quis imediatamente anotar o endereço da loja, no Jardim
Europa. "Estou justamente procurando esse tipo de produto por
aqui", disse.
A dupla de compradores Nicole
Bernardo e Boris Denoval, da megaloja francesa Samaritaine, está
no Brasil para descobrir novos estilistas a serem comercializados
em Paris. "A imagem do Brasil no
exterior é ligada a música, futebol,
alegria e mix de religiosidade", diz
Nicole. "Já a moda brasileira é conhecida por sua moda praia e pelas sandálias de plástico."
Para otimizar o tempo dos internacionais, foi montado, pela
segunda vez no último andar da
Bienal, o Salão Nacional de Moda
e Design, que reúne 38 grifes e estilistas para a comercialização de
seus produtos. O espaço funciona
como um grande showroom.
Segundo a organização do evento, o investimento no salão foi de
R$ 1,5 milhão. Além de Alexandre
Herchcovitch, Rosa Chá e Cavalera (que fazem parte do casting de
marcas que desfilam no evento),
também participam do show-
room os jovens estilistas do evento Amni Hot Spot, como Giselle
Nasser e Fábia Bercseck, o designer de sapatos Mauricio Medeiros, Serpui Marie, Acessórios Modernos, Bella Golzer e Beth Salles,
entre outros.
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