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PELA BAHIA
Pierre Verger inspira projetos culturais
ANA MARIA GUARIGLIA
free-lance para a Folha
Fundada em 1988 pelo fotógrafo
e etnólogo francês Pierre Verger
(1902-1996), a fundação que leva
seu nome, em Salvador (BA), impulsiona novos projetos.
Um deles é o "wearable art", que
levou o designer e estilista Gil Bastos a passar três meses nos arquivos fotográficos da fundação fazendo um levantamento dos trajes,
adornos e objetos usados nesses
últimos 60 anos e que aparecem
nos registros do fotógrafo francês.
"O objetivo é criar um espaço cenográfico em que os visitantes possam ver desde uma simples caixa
de fósforos até roupas, além de fotos de Verger e de personalidades
dessa época", disse Bastos.
Segundo ele, a mostra começará
em Salvador e, como tem caráter
itinerante, visitará várias cidades
do país.
Para Solange Bernabó, 46, secretária-geral da fundação, que começou a trabalhar com Verger nos
anos 80, as fotos e a biblioteca da
fundação são muito ricas, além das
peças de arte, como esculturas em
madeira, trazidas por Verger de
suas viagens.
Há também manuscritos que
ainda não foram editados e livros
já publicados, que deverão ser republicados devido à larga procura
de obras esgotadas.
"A fundação está aberta para
projetos de pesquisadores, estudantes, historiadores e para consultas nas áreas em que Verger
atuou, fotografia e etnologia."
Solange contou à Folha que a
editora Brambila, na Argentina,
está editando um livro sobre o fotógrafo em Buenos Aires. Nos anos
40, ele documentou o povo argentino e a vida cotidiana da cidade.
"O curioso é que, na mesma ocasião, outros fotógrafos se limitaram a registrar apenas a arquitetura e a evolução urbana."
As fotos desse projeto estão na
fundação e foram localizadas pela
editora argentina.
Em conjunto com a produtora
francesa Syrinx, a fundação deverá
lançar ainda neste ano um CD-ROM com as principais obras de
Verger.
A fundação atende no horário
das 8h às 12h, pelo tel. 071/261-7453, ou pelo e-mail: fpverger@atarde.com.br.
Leia abaixo alguns trechos da entrevista de Solange Bernabó dada à
Folha.
Folha - Qual é a importância da
fundação para o país?
Solange Bernabó - O acervo poderia estar em qualquer parte do
mundo, porém Verger escolheu a
Bahia. É uma honra, mas também
uma grande responsabilidade. Para mantê-lo, precisamos de recursos. Temos um projeto para o restauro e conservação dos 63 mil negativos, que talvez seja realizado
por etapas por causa dos custos.
Folha - Empresas internacionais,
como a "Revue Noir", colaboram
para a manutenção da Fundação?
Bernabó - A "Revue Noir" funciona como uma espécie de agência e representa a obra de Verger
na Europa. Publicou livros dele,
como "Dieu d'Afrique". Ela colabora conosco. Da mesma forma,
atua a embaixada da França, que
instalou o arquivo climatizado para guardar as fotos e os negativos
do acervo.
Folha - O que é a pesquisa que o
CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) está fazendo na fundação?
Bernabó - O CNPq está auxiliando uma pesquisa sobre instrumentos musicais fotografados por Verger e que estão sendo comparados
com os atuais.
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