São Paulo, Sexta-feira, 18 de Junho de 1999
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PELA BAHIA
Pierre Verger inspira projetos culturais

ANA MARIA GUARIGLIA
free-lance para a Folha

Fundada em 1988 pelo fotógrafo e etnólogo francês Pierre Verger (1902-1996), a fundação que leva seu nome, em Salvador (BA), impulsiona novos projetos.
Um deles é o "wearable art", que levou o designer e estilista Gil Bastos a passar três meses nos arquivos fotográficos da fundação fazendo um levantamento dos trajes, adornos e objetos usados nesses últimos 60 anos e que aparecem nos registros do fotógrafo francês.
"O objetivo é criar um espaço cenográfico em que os visitantes possam ver desde uma simples caixa de fósforos até roupas, além de fotos de Verger e de personalidades dessa época", disse Bastos.
Segundo ele, a mostra começará em Salvador e, como tem caráter itinerante, visitará várias cidades do país.
Para Solange Bernabó, 46, secretária-geral da fundação, que começou a trabalhar com Verger nos anos 80, as fotos e a biblioteca da fundação são muito ricas, além das peças de arte, como esculturas em madeira, trazidas por Verger de suas viagens.
Há também manuscritos que ainda não foram editados e livros já publicados, que deverão ser republicados devido à larga procura de obras esgotadas.
"A fundação está aberta para projetos de pesquisadores, estudantes, historiadores e para consultas nas áreas em que Verger atuou, fotografia e etnologia."
Solange contou à Folha que a editora Brambila, na Argentina, está editando um livro sobre o fotógrafo em Buenos Aires. Nos anos 40, ele documentou o povo argentino e a vida cotidiana da cidade.
"O curioso é que, na mesma ocasião, outros fotógrafos se limitaram a registrar apenas a arquitetura e a evolução urbana."
As fotos desse projeto estão na fundação e foram localizadas pela editora argentina.
Em conjunto com a produtora francesa Syrinx, a fundação deverá lançar ainda neste ano um CD-ROM com as principais obras de Verger.
A fundação atende no horário das 8h às 12h, pelo tel. 071/261-7453, ou pelo e-mail: fpverger@atarde.com.br.
Leia abaixo alguns trechos da entrevista de Solange Bernabó dada à Folha.

Folha - Qual é a importância da fundação para o país?
Solange Bernabó -
O acervo poderia estar em qualquer parte do mundo, porém Verger escolheu a Bahia. É uma honra, mas também uma grande responsabilidade. Para mantê-lo, precisamos de recursos. Temos um projeto para o restauro e conservação dos 63 mil negativos, que talvez seja realizado por etapas por causa dos custos.

Folha - Empresas internacionais, como a "Revue Noir", colaboram para a manutenção da Fundação?
Bernabó -
A "Revue Noir" funciona como uma espécie de agência e representa a obra de Verger na Europa. Publicou livros dele, como "Dieu d'Afrique". Ela colabora conosco. Da mesma forma, atua a embaixada da França, que instalou o arquivo climatizado para guardar as fotos e os negativos do acervo.

Folha - O que é a pesquisa que o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) está fazendo na fundação?
Bernabó -
O CNPq está auxiliando uma pesquisa sobre instrumentos musicais fotografados por Verger e que estão sendo comparados com os atuais.


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