|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CINEMA
Bogart e Hepburn são os mitos do século
da Equipe de Articulistas
Corra e alugue o vídeo "Uma
Aventura na África" (1951) -é o
único filme protagonizado por
Humphrey Bogart e Katharine
Hepburn, eleitos o maior mito
masculino e feminino de Hollywood, em uma pesquisa polêmica
do American Film Institute (AFI).
A escolha deles exala um saudável ar de contemporaneidade. Bogart representa um herói americano mais cínico, solitário e sombrio,
como o Rick, de "Casablanca"
(1940). Já Hepburn, 91, é o símbolo
maior da "mulher absoluta",
agressiva e liberada ("Levada da
Breca", "Núpcia de Escândalo").
Na segunda colocação, Cary Grant
e Bette Davis seguem modelos similares, embora Grant seja mais
leve e elegante, e Davis, mais decidida que Hepburn.
A escolha dos 50 maiores "mitos
do cinema americano" foi feita entre 1.800 personalidades americanas, a partir de critérios bastante
específicos.
Para ser elegível como "mito", o
ator ou atriz deveria ter iniciado
sua carreira em filmes antes de
1951 ou, no caso de intérpretes já
mortos, ter produzido uma filmografia expressiva, mesmo que iniciada depois de 1950. Cinco critérios deveriam ser considerados pelo painel de jurados: carisma, técnica e versatilidade, influência, popularidade e contexto histórico.
O marco temporal praticamente
excluiu da pesquisa astros da
Hollywood pós-derrocada do sistema de estúdios. Marlon Brando e
James Dean puderam ser escolhidos, mas Jack Lemmon, Paul Newman, Clint Eastwood, Jack Nicholson e Meryl Streep, entre outros, ficaram "inelegíveis".
Apenas nove "mitos", quatro homens e cinco mulheres, ainda estão vivos. São Laurel Bacall, Marlon Brando, Kirk Douglas, Katharine Hepburn, Sophia Loren, Gregory Peck, Sidney Poitier (o único
negro), Elizabeth Taylor e a ex-estrela mirim Shirley Temple.
A restrição pós-1951 foi a forma
encontrada pelo AFI para evitar
uma nova carga de críticas avassaladoras como a recebida pela lista
dos cem filmes clássicos americanos que revelou há um ano. Naquele levantamento, liderado por
"Cidadão Kane" (1941), a presença
da era clássica era significativa
(1930-50), mas metade dos escolhidos havia sido produzida depois
dos anos 50.
Assim, a disputa restringiu-se
agora a estrelas da era muda e astros da Hollywood dos grandes estúdios. Para variar, o cinema silencioso levou a pior. "É mais uma
prova da falta de informação cinematográfica", metralhou um dos
mais célebres críticos americanos,
Leonard Maltin, para em seguida
reconhecer ser difícil excluir algum nome da relação anunciada.
Charles Chaplin, Greta Garbo,
Lillian Gish, Buster Keaton e Mary
Pickford emplacaram entre os 50.
Mas onde estão o maior ídolo romântico, Rudolph Valentino, o
pioneiro rei do cinema de aventuras, Douglas Fairbanks, cômicos
da estatura de Stan Laurel & Oliver
Hardy e Harold Lloyd e a "garota
do it", Claire Bow?
A exigência de versatilidade acabou riscando da lista grandes nomes mais vinculados a gêneros específicos, como o faroeste (Tom
Mix, Will Rogers), o horror (Lon
Chaney, Boris Karloff, Bela Lugosi), a aventura (Errol Flynn, Charlton Heston) e mesmo o musical
(Bing Crosby, Elvis Presley).
O prêmio máximo da Academia,
aliás, tem mais uma vez sua representatividade abalada por uma lista da AFI. Onze dos atores e 13 das
atrizes escolhidas jamais levaram o
Oscar de melhores intérpretes
-Oscar especial à parte.
(AMIR LABAKI)
Texto Anterior: Réplica - André Barcinski: Cota para cinema é desastre Próximo Texto: Pela Bahia: Pierre Verger inspira projetos culturais Índice
|