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SÃO PAULO FASHION WEEK
Terceiro dia da SP Fashion Week recebeu também Walter Rodrigues, Triton, Zoomp e o estreante Lorenzo Merlino
Praia da Rosa Chá é de ufanismo fashion
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
A marca de moda praia Rosa
Chá aciona o ufanismo fashion no
terceiro dia da São Paulo Fashion
Week, na noite de ontem, no prédio da Bienal, no parque Ibirapuera. O evento é o mais importante do mercado brasileiro e termina no sábado, depois de mostrar 38 coleções para o verão 2003.
Ao som de "O Trenzinho do
Caipira", de Villa-Lobos, o modelo Anderson Dornelles saiu de
uma cachoeira na passarela, para
delírio do público. Com acordes
do Hino Nacional com batida
dance, "Aquarela do Brasil" e de
Elis entoando o verso "O Brasil
não conhece o Brasil", a marca de
Amir Slama mostrou que não
brinca em serviço quando fala de
moda praia para exportação.
Brasil com "s" e Brazil com "z"
se misturaram na estampa do vestidinho de Marcelle Bittar -e na
coleção como um todo. Outros
motivos incluíam índios na pose
da criação, cocares, escolas de
samba. No final, todos os modelos vestiram peças de sutiãs, tangas e sungas com fotos deles mesmos, num interessante resultado.
Metalinguística fashion.
Walter Rodrigues é que foi sexy.
Mais do que nunca. Deixa seu habitual japonismo de lado e faz
uma coleção de referências ao artesanato étnico. Muitos metais
emprestam um clima 60's e manufaturado, apoiando tanto a modelagem quanto o styling, nos cintinhos, alças e colares.
Meninas bonitas, como Jeísa
Chiminazzo, Raquel Zimmerman
e Michelle Alves, encarnaram um
espírito safári chic, em areia e
marrom. Raica veio cheia de moedinhas. O novo sexy de Walter
Rodrigues assume ares de alta-costura nos drapeados, em laranja, na referência grega tão cara ao
estilista. Tops-bustiês e vestidos
encaixados desenham o corpo
das modelos. A cintura vem ressaltada, com volumes de tecido
ou com a amarração tipo pareô.
Além do trabalho formal, Walter Rodrigues faz muitos avanços
também no desenvolvimento de
novos materiais tecnológicos,
nesta coleção batizada Primitive
Couture (com pesquisa baseada
em diferentes etnias e várias formas de artesanato).
Sem focar num tema ou inspiração, Lorenzo Merlino estréia no
evento trabalhando no que sabe
fazer de melhor: silhuetas e proporções. Ele escolhe materiais como a organza (que usa pela primeira vez), o tafetá e a malha.
Lorenzo vem mais divertido
sem o peso da modernidade e do
conceitual. Brinca com os volumes e acerta muito no balonê e na
transparência. Do artista plástico
Ivens Machado vem a estampa
quadriculada com um dos quadrados sempre deslocado.
A idéia do deslocamento também aparece nas lentes de óculos
coloridas ou em preto-e-branco
bordadas como estampa. "A idéia
é tirar de um lugar e pôr em outro", explica o estilista. De Vik
Muniz vem o curioso vestido de
pantone, de desenho 60's.
A Triton veio funky, em coleção
de muitas estampas psicodélicas,
com flores e listras, com meninas
descoladas e cultura vintage, em
calças sequinhas ou vestidinhos
de alças, bem femininos. Funcionou, e algumas peças nascem hits,
como a calça de listras verticais, a
estampada em mix colorido e a
blusa branca transparente de Mariana Weickert.
A Zoomp, em preto-e-branco,
mostrou coleção bem comercial,
com mais acertos nas peças esportivas clássicas do início e em
cetim prata e nas calças pijamas.
O jeans vem mais claro, com falsos cintos. É um recomeço para a
marca, mais elegante e simples.
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