São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002

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SÃO PAULO FASHION WEEK

Terceiro dia da SP Fashion Week recebeu também Walter Rodrigues, Triton, Zoomp e o estreante Lorenzo Merlino

Praia da Rosa Chá é de ufanismo fashion

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

A marca de moda praia Rosa Chá aciona o ufanismo fashion no terceiro dia da São Paulo Fashion Week, na noite de ontem, no prédio da Bienal, no parque Ibirapuera. O evento é o mais importante do mercado brasileiro e termina no sábado, depois de mostrar 38 coleções para o verão 2003.
Ao som de "O Trenzinho do Caipira", de Villa-Lobos, o modelo Anderson Dornelles saiu de uma cachoeira na passarela, para delírio do público. Com acordes do Hino Nacional com batida dance, "Aquarela do Brasil" e de Elis entoando o verso "O Brasil não conhece o Brasil", a marca de Amir Slama mostrou que não brinca em serviço quando fala de moda praia para exportação.
Brasil com "s" e Brazil com "z" se misturaram na estampa do vestidinho de Marcelle Bittar -e na coleção como um todo. Outros motivos incluíam índios na pose da criação, cocares, escolas de samba. No final, todos os modelos vestiram peças de sutiãs, tangas e sungas com fotos deles mesmos, num interessante resultado. Metalinguística fashion.
Walter Rodrigues é que foi sexy. Mais do que nunca. Deixa seu habitual japonismo de lado e faz uma coleção de referências ao artesanato étnico. Muitos metais emprestam um clima 60's e manufaturado, apoiando tanto a modelagem quanto o styling, nos cintinhos, alças e colares.
Meninas bonitas, como Jeísa Chiminazzo, Raquel Zimmerman e Michelle Alves, encarnaram um espírito safári chic, em areia e marrom. Raica veio cheia de moedinhas. O novo sexy de Walter Rodrigues assume ares de alta-costura nos drapeados, em laranja, na referência grega tão cara ao estilista. Tops-bustiês e vestidos encaixados desenham o corpo das modelos. A cintura vem ressaltada, com volumes de tecido ou com a amarração tipo pareô.
Além do trabalho formal, Walter Rodrigues faz muitos avanços também no desenvolvimento de novos materiais tecnológicos, nesta coleção batizada Primitive Couture (com pesquisa baseada em diferentes etnias e várias formas de artesanato).
Sem focar num tema ou inspiração, Lorenzo Merlino estréia no evento trabalhando no que sabe fazer de melhor: silhuetas e proporções. Ele escolhe materiais como a organza (que usa pela primeira vez), o tafetá e a malha.
Lorenzo vem mais divertido sem o peso da modernidade e do conceitual. Brinca com os volumes e acerta muito no balonê e na transparência. Do artista plástico Ivens Machado vem a estampa quadriculada com um dos quadrados sempre deslocado.
A idéia do deslocamento também aparece nas lentes de óculos coloridas ou em preto-e-branco bordadas como estampa. "A idéia é tirar de um lugar e pôr em outro", explica o estilista. De Vik Muniz vem o curioso vestido de pantone, de desenho 60's.
A Triton veio funky, em coleção de muitas estampas psicodélicas, com flores e listras, com meninas descoladas e cultura vintage, em calças sequinhas ou vestidinhos de alças, bem femininos. Funcionou, e algumas peças nascem hits, como a calça de listras verticais, a estampada em mix colorido e a blusa branca transparente de Mariana Weickert.
A Zoomp, em preto-e-branco, mostrou coleção bem comercial, com mais acertos nas peças esportivas clássicas do início e em cetim prata e nas calças pijamas. O jeans vem mais claro, com falsos cintos. É um recomeço para a marca, mais elegante e simples.



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