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ARTES PLÁSTICAS
Novo presidente da entidade diz que quer manter alemão à frente da próxima edição do evento, em 2004
Alfons Hug deve ser curador da 26ª Bienal
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Ele provou que é bom, acredito
que deva ficar", disse anteontem o
recém-eleito presidente da Fundação Bienal, Manoel Francisco
Pires da Costa, 62, sinalizando
que o alemão Alfons Hug, curador da mais recente edição do
evento, pode seguir à frente também da 26ª Bienal, programada
para acontecer em 2004.
Pires da Costa foi eleito e empossado anteontem em reunião
do Conselho da Fundação, que
contou com a participação de 28
conselheiros. Não houve votação
e sim aclamação, pois só uma chapa concorria à presidência. Além
dos presentes, 12 conselheiros enviaram sua aprovação à chapa do
empresário composta pelo editor
Pedro Paulo de Sena Madureira e
o publicitário Luiz Sales, como vice-presidentes, e o arquiteto Carlos Bratke e o empresário Aluízio
Araujo, como diretores. O Conselho da Bienal é composto por 55
membros.
Logo após a eleição, em entrevista coletiva, Pires da Costa não
poupou elogios a Hug. "Na minha
sensibilidade, entendi de muita
inteligência a curadoria da 25ª
Bienal", disse.
"Seria uma honra difícil de recusar", disse Hug à Folha, ontem,
do Rio de Janeiro, onde dirige o
Instituto Goethe. O curador alemão já havia entregue a Bratke, o
ex-presidente, um projeto para a
próxima Bienal intitulado "Terra
de Ninguém".
"Minha idéia é trabalhar com os
vazios nas nossas sociedades e
também com uma questão fundamental da estética: da arte como
terra de ninguém", disse Hug. O
curador confirmou que já indicou
os funcionários com os quais pretende trabalhar na organização da
próxima Bienal. "Já estávamos
pensando em quem poderia continuar na equipe", afirmou.
Hug e Pires da Costa têm conversado, e a decisão final deve
ocorrer em breve. O empresário
tem pressa em acertar o novo curador. "Fica mais fácil conseguir
patrocínio quando já temos um
projeto curatorial definido", afirma. Para auxiliar na arrecadação,
o novo presidente já decidiu que a
26ª Bienal de São Paulo irá ocorrer no segundo semestre de 2004,
como é a tradição do evento, com
exceção da edição deste ano, realizada de abril a junho.
Certo também é que a próxima
Bienal não deve apresentar o núcleo histórico, aquele que apresenta obras de artistas reconhecidos, como Van Gogh ou Picasso.
"Os museus assumiram essa função, não precisamos concorrer
com eles; nossa missão é tratar do
presente e apresentar os artistas
que serão clássicos no futuro",
disse Pires da Costa.
Já a indicação da representação
brasileira na Bienal de Veneza,
que é organizada pela Bienal de
São Paulo e no ano passado foi
transferida à associação BrasilConnects, pode continuar sob o
manto da entidade presidida por
Edemar Cid Ferreira. "Meu diálogo com a BrasilConnects é franco,
provavelmente vamos fazer um
trabalho conjugado", afirmou Pires da Costa.
O novo presidente assume a
Bienal com um superávit de cerca
de R$ 3 milhões, apesar de vários
artistas e transportadoras ainda
não terem sido pagos. "Isso é apenas uma questão de tempo, houve
atraso na liberação de verbas públicas, mas já temos a garantia de
que as quatro parcelas restantes
do governo federal, de R$ 1,3 milhão cada uma, serão pagas", disse Bratke.
Pires da Costa foi presidente da
BM&F (Bolsa de Mercadorias e
de Futuros). Em 1996 foi acusado
pelo Conselho do Sistema Financeiro Nacional de má gestão administrativa no Banco Patente, do
qual era administrador. "Isso foi
um problema de caráter político,
nada foi provado. O mercado financeiro é muito nervoso e agitado", disse o presidente. Atualmente, ele não atua mais no sistema financeiro. Filiado ao PPS,
"porque tenho vários amigos lá",
atualmente trabalha na área de
comunicação.
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