São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002

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ARTES PLÁSTICAS

Novo presidente da entidade diz que quer manter alemão à frente da próxima edição do evento, em 2004

Alfons Hug deve ser curador da 26ª Bienal

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Ele provou que é bom, acredito que deva ficar", disse anteontem o recém-eleito presidente da Fundação Bienal, Manoel Francisco Pires da Costa, 62, sinalizando que o alemão Alfons Hug, curador da mais recente edição do evento, pode seguir à frente também da 26ª Bienal, programada para acontecer em 2004.
Pires da Costa foi eleito e empossado anteontem em reunião do Conselho da Fundação, que contou com a participação de 28 conselheiros. Não houve votação e sim aclamação, pois só uma chapa concorria à presidência. Além dos presentes, 12 conselheiros enviaram sua aprovação à chapa do empresário composta pelo editor Pedro Paulo de Sena Madureira e o publicitário Luiz Sales, como vice-presidentes, e o arquiteto Carlos Bratke e o empresário Aluízio Araujo, como diretores. O Conselho da Bienal é composto por 55 membros.
Logo após a eleição, em entrevista coletiva, Pires da Costa não poupou elogios a Hug. "Na minha sensibilidade, entendi de muita inteligência a curadoria da 25ª Bienal", disse.
"Seria uma honra difícil de recusar", disse Hug à Folha, ontem, do Rio de Janeiro, onde dirige o Instituto Goethe. O curador alemão já havia entregue a Bratke, o ex-presidente, um projeto para a próxima Bienal intitulado "Terra de Ninguém".
"Minha idéia é trabalhar com os vazios nas nossas sociedades e também com uma questão fundamental da estética: da arte como terra de ninguém", disse Hug. O curador confirmou que já indicou os funcionários com os quais pretende trabalhar na organização da próxima Bienal. "Já estávamos pensando em quem poderia continuar na equipe", afirmou.
Hug e Pires da Costa têm conversado, e a decisão final deve ocorrer em breve. O empresário tem pressa em acertar o novo curador. "Fica mais fácil conseguir patrocínio quando já temos um projeto curatorial definido", afirma. Para auxiliar na arrecadação, o novo presidente já decidiu que a 26ª Bienal de São Paulo irá ocorrer no segundo semestre de 2004, como é a tradição do evento, com exceção da edição deste ano, realizada de abril a junho.
Certo também é que a próxima Bienal não deve apresentar o núcleo histórico, aquele que apresenta obras de artistas reconhecidos, como Van Gogh ou Picasso. "Os museus assumiram essa função, não precisamos concorrer com eles; nossa missão é tratar do presente e apresentar os artistas que serão clássicos no futuro", disse Pires da Costa.
Já a indicação da representação brasileira na Bienal de Veneza, que é organizada pela Bienal de São Paulo e no ano passado foi transferida à associação BrasilConnects, pode continuar sob o manto da entidade presidida por Edemar Cid Ferreira. "Meu diálogo com a BrasilConnects é franco, provavelmente vamos fazer um trabalho conjugado", afirmou Pires da Costa.
O novo presidente assume a Bienal com um superávit de cerca de R$ 3 milhões, apesar de vários artistas e transportadoras ainda não terem sido pagos. "Isso é apenas uma questão de tempo, houve atraso na liberação de verbas públicas, mas já temos a garantia de que as quatro parcelas restantes do governo federal, de R$ 1,3 milhão cada uma, serão pagas", disse Bratke.
Pires da Costa foi presidente da BM&F (Bolsa de Mercadorias e de Futuros). Em 1996 foi acusado pelo Conselho do Sistema Financeiro Nacional de má gestão administrativa no Banco Patente, do qual era administrador. "Isso foi um problema de caráter político, nada foi provado. O mercado financeiro é muito nervoso e agitado", disse o presidente. Atualmente, ele não atua mais no sistema financeiro. Filiado ao PPS, "porque tenho vários amigos lá", atualmente trabalha na área de comunicação.



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