Folha Imagem

Versolato, entre vestidos que apresenta hoje, em Paris

da Reportagem Local

O costureiro brasileiro Ocimar Versolato faz hoje seu primeiro desfile no círculo da alta costura internacional apostando na expansão do mercado. A nova maison que leva seu nome quer diminuir o preço mais baixo dos vestidos, hoje no patamar de US$ 10 mil, para cerca de US$ 3 mil.
Depois de sair da maison Lanvin, em outubro do ano passado, e de reescalonar o pagamento de uma dívida de US$ 300 mil dólares de sua marca pessoal com a previdência social francesa, Versolato reergueu-se após a associação com um novo parceiro financeiro, o grupo Pessoa de Queiroz.
Hoje, ele desfila 40 modelos na sede da maison Versolato, instalada na praça Vendôme, em Paris, dentro da programação oficial de desfiles da Câmara de Alta-Costura Parisiense, que o convidou há um mês para integrar o fechado grupo formado por costureiros como Christian Dior, Valentino e Gianni Versace.
"O importante hoje é rejuvenescer. O fato de a câmara ter convidado Mugler, Gaultier e eu foi um passo nessa direção. A idéia é inovar, trazer sangue novo. E isso dará uma boa mexida, diminuindo a conotação pesada, antiga da alta costura", afirmou, em entrevista por telefone, de Paris.
Versolato diz que não abandonará a sensualidade em seus vestidos, uma das características mais marcantes de seu trabalho. Promete mostrar hoje uma coleção "supergráfica, com linhas muito bem definidas, muito volume e cores um tanto indeterminadas, como um cinza meio lilás que puxa para o branco".
Ele inspirou-se na obra do artista plástico venezuelano Jesús Rafael Soto e investiu no desenvolvimento de tecidos exclusivos. Entre eles, há uma estola formada por 12 mil pedaços de seda desfiados a mão, dando o efeito de um casaco de pele, tecidos de papel e bordados de paetês tridimensionais.
"Meu trabalho sempre foi muito bem recebido. Meu mercado era de luxo. Passar para a alta costura foi um passo. A principal diferença é que, agora, tenho toda a facilidade de desenvolvimento. Se peço algo, todo mundo faz. E rápido. Com essas condições de trabalho, é muito mais fácil avançar."
Outra mudança significativa é que Versolato não vai mais se preocupar com questões administrativas, financeiras ou de divulgação. Tudo isso ficará a cargo de Ana Luiza Pessoa de Queiroz, a diretora de sua maison.
Tataraneta do ex-presidente da República Epitácio Pessoa, Ana Luiza é o braço do grupo brasileiro Pessoa de Queiroz na moda. Sediado no Nordeste, mas com negócios nacionais e também fora do país, o grupo tem no açúcar e no álcool sua principal atividade.
Ela não revela as cifras envolvidas no negócio com Versolato e diz que o acordo é "uma história de vontade de investimento".
"A marca Ocimar Versolato tem um potencial internacional. Estamos fazendo o que se chama de "nouvelle couture'. A idéia é inovar não só no estilo, mas também na forma de comercialização", diz Ana Luiza.
Uma das primeiras iniciativas nesse sentido é a parceria estabelecida entre a maison e cinco lojas no mundo inteiro. A diretora não divulga os nomes, mas diz que uma delas é no Brasil e uma outra, nos EUA. Essas lojas venderão, com exclusividade, peças de alta costura de Versolato.
A maison também já estabeleceu um cronograma para entrar em outros setores da moda. No mês de outubro, deve ser lançada a linha prêt-à-porter de Versolato. Para o Natal, a idéia é colocar no mercado uma linha de lingerie com a marca do costureiro.
(PATRICIA DECIA)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice