DE PARIS

Debord não era exatamente um apaixonado por cinema. Gostava de Marcel Carné, de John Ford e de "Hiroshima Meu Amor", de Alain Resnais. Detestava a nouvelle vague e, sobretudo, Godard, que ele acusava de ter se apropriado de suas idéias.
Em 1964, publicou os roteiros de seus primeiros filmes com o título "Contra o Cinema". Ficou enojado quando viu em "Weekend" (1967), do mesmo Godard, terroristas canibais citando Lautréamont, seu poeta preferido.
Apesar disso, fez três longas, quatro curtas e um filme para a TV. Todos serão exibidos na 58ª Mostra Internacional de Cinema de Veneza, que começa no próximo dia 29, numa das duas retrospectivas (a outra homenageia o diretor polonês Andrzej Munk).
Os longas são: "Hurlements en Faveur de Sade" (Urros em Favor de Sade, 52), "La Société du Spectacle" (A Sociedade do Espetáculo, 73) e "In Girum Imus Nocte et Consumimur Igni" (78). Este último foi rodado em Veneza e é considerado seu melhor filme. O título vem de uma citação do orador romano Sidonius Appolinarus: "Os arabescos formados no ar por esses insetos, traças, notoriamente cegos, circulando em torno de uma luz de vela à noite...".
Os roteiros de Debord estão reunidos em "Obras Cinematográficas Completas" (Gallimard).



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