THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos expoentes da house music americana; um dos nomes que se confunde com a história da eletrônica francesa; um dos Osbournes. São Paulo e Rio têm uma semana curiosa a partir de hoje.
O bambambã americano é Derrick Carter, figura conhecida de Chicago, cidade que projetou a house ao mundo. É a terceira vez que ele vem ao Brasil, após tocar no Skol Beats de 2004 e em uma festa corporativa fechada. Ele tocará no clube D-Edge, em São Paulo, amanhã, e na festa Delírio, no Rio de Janeiro, no sábado.
"Tocar no festival foi legal, mas a atmosfera não é das minhas preferidas. Prefiro clubes menores, onde consigo ver as pessoas", disse Carter à Folha, por telefone
Ao falar de tecno, sempre se fala em Detroit. Ao falar de Derrick Carter e da house, sempre vem à mente Chicago. Mas há uma diferença: Detroit foi o berço do tecno, mas pouco ouve o tecno; já Chicago guarda ainda muitos clubes e fãs de house music.
"Detroit tem um subúrbio grande, mas, na região mais central, onde estão as casas noturnas, as pessoas gostam mais de hip hop. O próprio desenho da cidade não favorece os clubes", diz Carter. "Em Chicago, onde há muitos restaurantes, boa arquitetura, as pessoas vivem perto do centro e há muitos clubes e DJs de house."
Carter é, ainda, proprietário de um dos principais selos de house do mundo, o Classic, com o britânico Luke Solomon. "Temos funcionários que cuidam da burocracia. Eu e Luke ficamos ouvindo as músicas que chegam, decidimos o que lançaremos."
Outra atração da festa Delírio, que ocorre no Morro da Urca, com uma vista insuperável do Rio, é Louis Osbourne, filho de Ozzy. Sua primeira apresentação no país acontece hoje, no clube paulistano Soul Sister.
Louis Osbourne é DJ de tecno e de house, e diz que se interessou por eletrônica quando tinha 16 anos, depois de ir a uma rave na Inglaterra. Pouco tempo depois, comprou dois toca-discos. Hoje ele vive na Irlanda -e não, não quis aparecer no "reality show" estrelado por sua família.
Amanhã a semana houseira de São Paulo ganha novos contornos com a chegada do francês Dimitri from Paris. Nascido na Turquia, ele tem 41 anos e lançou, em 1998, o primeiro disco de estúdio, "Sacrebleu". Em 2001, com "A Night at the Playboy Mansion", ganhou fama planetária -o disco saiu no Brasil. "Playboy Mansion" reúne canções não muito conhecidas da disco e da house. O álbum gerou um filhote: "After the Playboy Mansion", refinado CD duplo que foi às lojas em 2002.
O DJ ficou muito conhecido na França a partir do início dos anos 90. Dimitri pode ser considerado um dos responsáveis pelo crescimento da eletrônica naquele país; o termo "french touch", usado para descrever a eletrônica francesa que reunia house e funk e que abarca desde Daft Punk até Alex Gopher, foi moldado também por ele. Em seus sets, há referências a trilhas sonoras, à disco music e ao pop kitsch francês.