IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Melodias que ficam na cabeça, orquestração brilhante, apelo imediato: semana que vem, a Coleção Folha de Música Clássica leva às bancas as suítes dos balés mais conhecidos de Tchaikovski: "O Lago dos Cisnes" e "O Quebra-Nozes".
Um dos compositores mais queridos do grande público de hoje, o russo Piotr Ilitch Tchaikovski (1840-1893) lecionou no Conservatório de Moscou, mas veio a ter segurança financeira quando recebeu o patrocínio de uma excêntrica admiradora, a abastada viúva Nadejda von Meck -ambos mantiveram correspondência íntima durante 14 anos, sob condição de jamais se conhecerem pessoalmente.
A biografia de Tchaikovski foi marcada por profunda insegurança e pelo sentimento de culpa com relação a uma homossexualidade que ele jamais admitiria publicamente. O compositor chegou até a contrair um breve e desastrado matrimônio com uma jovem e desequilibrada fã.
Durante muitos anos, a versão "oficial" da morte de Tchaikovski era de que ele fora vítima de cólera, após beber um copo de água não-fervida. A partir dos anos 70, contudo, ganhou força a teoria de que o compositor teria se suicidado com arsênico, por decisão de uma "corte de honra" formada por antigos colegas seus da Escola de Jurisprudência de São Petersburgo, que o condenaram ao suicídio para que sua conduta sexual não viesse a público.
Tchaikovski escreveu em vários gêneros, da música de câmara à ópera, passando pela sinfonia e pela canção, e suas partituras para balé se tornaram mais populares a partir do momento em que foram convertidas em suítes, para serem executadas sem coreografia, nas salas de concerto.
Com um solo de oboé que, de tão conhecido, virou até toque de telefone celular, "O Lago dos Cisnes" foi o primeiro bailado de Tchaikovski. Difícil acreditar hoje que a estréia, em Moscou, em 1877, não tenha dado certo. Contudo, escreve o biógrafo Anthony Holden: "A primeira produção, no Bolshoi, foi um fracasso abjeto, graças à inadequação do coreógrafo, do regente, dos bailarinos e da orquestra; e não houve outra montagem enquanto o compositor viveu".
Item obrigatório na programação natalina das principais companhias clássicas de dança do planeta, "O Quebra-Nozes", com temática infantil, também teve uma estréia complicada. O balé foi apresentado em conjunto com a ópera "Iolanta", também de Tchaikovski, e nenhuma das produções agradou: um jornal da época (1892) chegou a dizer que "O Quebra-Nozes" era "completamente desprovido de criatividade". Um juízo de valor que a posteridade logo se encarregaria de desmentir.


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