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"A ODISSÉIA DE JACQUES COUSTEAU - A SÉRIE COMPLETA"
Caixa mergulha em encanto submarino
REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL
Boa notícia para quem achava
que assistir a um documentário produzido pelo mítico Jacques-Yves Cousteau (1910-1997)
hoje seria só um exercício de nostalgia: as aventuras do marujo
francês nunca foram tão atuais. E
diversas delas acabam de ficar
disponíveis numa coleção de seis
discos lançada pela Warner.
A caixa reúne a série "A Odisséia de Jacques Cousteau", que estreou na TV americana em 1977.
Nela, o oceanógrafo e seus filhos e
colegas viajam por uma lista respeitável dos mares do planeta, do
Mediterrâneo, onde Cousteau desenvolveu praticamente do zero a
tecnologia para nadar com desenvoltura debaixo d'água, até o Pacífico, em volta da ilha de Páscoa.
E, falando na famigerada ilha, é
difícil não achar que a equipe de
Cousteau estava à frente de seu
tempo ao apontar a degradação
ambiental como causa número
um para o colapso da civilização
que a encheu de gigantescas estátuas de pedra. O mesmo vale para
a frase da abertura do documentário em duas partes sobre o Nilo,
que se refere à tecnologia "criando problemas maiores do que os
que procura resolver". Alguém aí
se lembrou da proposta de transposição do rio São Francisco?
Além dessa visão, que é engajada sem ser ecochata e aponta com
clareza para o que está acontecendo hoje em escala global, Cousteau consegue misturar de forma
magistral a vida animal e vegetal
dos rios e mares com a vida humana -aquela com a qual as pessoas têm mais facilidade de se
identificar. Poucas cenas são mais
bonitas, por exemplo, do que a do
pescador do Nilo que, por causa
das águas turvas, nunca tinha visto os peixes que capturava nadando. Num piscar de olhos, a equipe
monta uma piscina, empresta um
snorkel para o pescador e ele descobre o mesmo mundo subaquático no qual os Cousteaus vivem.
Como são cientistas os autores
dos filmes, até um tema aparentemente sensacionalista como a
"Atlântida" ganha cores sóbrias e
interessantes: perto de Creta, os
mergulhadores passam a explorar
a civilização minóica, que dominou o mar Egeu na Idade do
Bronze. A mesma falta de pirotecnia aparece no tratamento dado
aos "mistérios" da ilha de Páscoa.
Diversão à parte, o espectador
brasileiro talvez se ressinta do pacote de filmes por não incluir a
antológica jornada de Cousteau
pela Amazônia, produzida separadamente. O maior problema,
no entanto, é a absoluta falta de
informações biográficas sobre
Cousteau e sua equipe, bem como
sobre o contexto no qual os documentários foram produzidos
-para uma caixa com seis DVDs,
faltou um pouco de capricho. Mas
nada que tire o encanto do mundo submarino narrado com sotaque francês e visto com olhos de
poeta-ambientalista.
A Odisséia de Jacques Cousteau
- A Série Completa
Direção: Jacques Cousteau (criador)
Distribuidora: Warner; R$ 130, em
média
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