São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 2006

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Toronto premia zebra mexicana

"Bella", de Alejandro Monteverde, foi escolhido pelo voto popular como o melhor filme de festival

Já a crítica preferiu o polêmico longa britânico "Death of a President", que narra a morte ficcional do americano George W. Bush

EDUARDO SIMÕES
ENVIADO ESPECIAL A TORONTO

Foi surpreendente o anúncio dos vencedores do 31º Festival de Toronto, que acabou no sábado. O prêmio de melhor filme, escolhido por voto popular, foi para "Bella", primeiro longa-metragem do diretor mexicano Alejandro Gomez Monteverde, estrelado pelo galã latino do momento, o também mexicano Eduardo Verástegui.
O filme, que se passa em Nova York, conta a história de uma mulher e um homem cujas vidas são viradas de cabeça para baixo, num único dia.
Já a Fipresci (Federação Internacional dos Críticos de Cinema) premiou "Death of a President", o polêmico filme do diretor britânico Gabriel Range, que narra o assassinato do presidente dos EUA, George W. Bush, cometido por um franco-atirador.
O júri justificou a escolha do filme britânico ressaltando a coragem com que Range "distorce a realidade para revelar uma verdade ainda maior".
"Bella" e "Death of a President" não estavam na lista dos longas que causaram frisson em Toronto por serem potenciais candidatos ao Oscar.
Nessa "seleção", faziam parte "Babel" (de Alejandro González Iñárritu, com Brad Pitt, Cate Blachett, Gael García Bernal), "All the King's Men" (de Steve Zaillian, com Sean Penn, Jude Law, Kate Winslet, Mark Ruffalo), "Infamous" (de Douglas McGrath, com Toby Jones e Sigourney Weaver) e "A Goog Year" (de Ridley Scott, com Russell Crowe, Albert Finney, Freddie Highmore).
Havia uma expectativa de que Toronto mantivesse a tendência recente de apontar caminhos para o Oscar. A influência do evento canadense em relação à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood foi levantada durante o festival por Martin Grove, colunista da revista "Hollywood Reporter".
Grove lembrou que, dos cinco longas indicados ao Oscar de melhor filme neste ano, três haviam tido estréia internacional ou norte-americana em Toronto: "O Segredo de Brokeback Mountain", de Ang Lee, "Capote", de Bennett Miller, e "Crash", de Paul Haggis, grande vencedor.

Brasil
Além da exibição de dois filmes na mostra Contemporary World Cinema -"Antonia", novo longa de Tata Amaral, e "O Céu de Suely", que o diretor Karim Aïnouz havia lançado em Veneza- o Brasil foi representado em Toronto por 12 produtores, que participaram com outros 12 colegas canadenses de um encontro para o fomento de co-produções.
O evento foi organizado pela Sav (Secretaria do Audiovisual), do lado brasileiro, e pelo NFB (National Film Board), pelo Canadá.
"Do lado canadense havia dois projetos específicos que os produtores pretendem filmar no Brasil. Do brasileiro, a maioria dos projetos é para co-produção, mas com estágios de financiamento variados", disse o produtor e distribuidor André Sturm, presidente do Sindicato da Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo.
A Sav e o NFB também anunciaram que em outubro, durante a feira de audiovisual Mipcom, em Cannes, vão divulgar os quatro projetos -de animação, documentários e ou curtas para mídias digitais- que receberão US$ 25 mil (cerca de R$ 53 mil) cada um, do fundo de desenvolvimento de projetos criado pelos dois países.


O repórter EDUARDO SIMÕES viajou a convite do Consulado do Canadá em São Paulo


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