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CRÍTICA ERUDITO
Alsop rege a Osesp com energia espantosa
Programa é executado sem intervalo; "Sétima", de Mahler, soa forte e singular
SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA
Em mesa redonda organizada na última quarta-feira
pela Folha, a regente norte-americana Marin Alsop ponderou que uma das razões
para o sucesso da música
clássica em projetos de inclusão social pode ser o fato de
ela abrir um mundo totalmente novo, que se separa
radicalmente da realidade vivida por essas pessoas.
Ao reger a Osesp na noite
seguinte, na Sala São Paulo,
ela mostrou que o fato de a
"Sétima Sinfonia", de Gustav
Mahler (1860-1911), ser uma
de suas obras com menos tradição interpretativa oferece à
performance um precioso espaço de fabulação.
Assim, aquilo que poderia
ser a principal dificuldade
-preparar em três dias uma
obra gigante e complexa, que
soa nova para os próprios
músicos- torna-se, de fato,
uma vantagem.
Estreada em 1908 em Praga, a sinfonia leva ao limite
um discurso cuja autoconfiança beira a loucura.
A elaboração tonal atinge
um ponto sem precedentes,
mas Mahler não descarta esboços e rascunhos: superação e saturação caminham
juntas, e só a forma clássica,
por trás de tudo, não deixa o
edifício desmoronar.
A "Sétima" de Alsop nasce
forte e não se parece com nenhuma das versões mais conhecidas. Cortes definidos,
andamentos claros e som delineado para cada divisão
das cordas marcaram os movimentos extremos.
Nas duas serenatas (segundo e quarto movimentos), delicadeza e liberdade
tomaram conta de um arriscado tempo suspenso: belos
solos de clarinete, violino e
bandolim; até o acompanhamento discreto do violão
(sem amplificação) foi ganhando independência de
harpas e contrabaixos para
encerrar o penúltimo movimento com um audível acorde de fá maior.
Regido sem intervalo com
energia espantosa, o programa abriu com a "Opening
Prayer", de Leonard Bernstein (1918-1990), professor de
Marin Alsop e um dos responsáveis pela consolidação
de Mahler no cenário internacional desde os anos 1960.
ORQUESTRA SINFÔNICA DO
ESTADO DE SÃO PAULO
E MARIN ALSOP
QUANDO hoje, às 16h30
ONDE Sala São Paulo
(pça. Júlio Prestes, 16,
tel. 0/xx/ 11/ 3223-3966)
QUANTO ingressos esgotados
CLASSIFICAÇÃO 7 anos
AVALIAÇÃO ótimo
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