São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2010

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Novo livro de Franzen gera frenesi e fúria

Elogios da crítica e "ódio" de escritores fazem de "Freedom" uma das obras mais aguardadas do ano nos EUA

Circulação do romance antes do lançamento, inclusive nas mãos de Obama, gera reação de livrarias pelo país


JULIE BOSMAN
DO "NEW YORK TIMES"

Em poucas semanas, Jonathan Franzen passou de grande romancista norte-americano (de acordo com a revista "Time") a queridinho literário recebedor de elogios críticos indevidos (de acordo com a escritora Jodi Picoult), se tornando, por fim, "o escritor que amamos odiar" (de acordo com a "Newsweek").
"Freedom" [liberdade; cerca de US$ 15 (R$ 26) na Amazon] chega às livrarias como um dos romances mais aguardados do ano, com vaga quase garantida nas listas de best-sellers.
O livro vem precedido por grande número de críticas muito positivas e de forte interesse da parte dos livreiros.
O presidente Obama, nas férias que passou em Martha's Vineyard em agosto, tinha em sua pilha de leituras de lazer uma cobiçada cópia prévia do livro. "Ele está lendo o romance e o considera divertido", disse Bill Burton, secretário-assistente de imprensa da Casa Branca.

ESTRAGAR A FESTA
Em meio ao frenesi, existe certa fúria oculta, ou ao menos certo prazer em estragar a festa, na definição da romancista Jennifer Weiner.
Ela e Picoult recentemente lançaram uma longa série de ataques contra Franzen e o "New York Times", via Twitter, alegando que as mulheres romancistas são injustamente desconsideradas pelos críticos.
"Se acho que deveria estar recebendo a mesma atenção que Jonathan "Gênio" Franzen? Não. Mas será que mereço ser levada tão a sério quanto Jonathan Tropper ou Nick Hornby? Certamente", afirmou Wiener em entrevista que o "Huffington Post" realizou com ela e Picoult.
Da parte desta última, "desejo deixar claro que não tenho coisa alguma contra Jonathan Franzen", afirmou Picoult na entrevista. "Espero ler "Freedom" e gostar muito. Isso não tem como motivo uma crítica a ele; ele é apenas um escritor que o "New York Times" optou por resenhar duas vezes em sete dias".
É uma quase estreia ruidosa para um livro que chega quase nove anos depois de "As Correções", o romance anterior de Franzen, grande sucesso que vendeu perto de três milhões de cópias em todo o mundo.
"Freedom", como "As Correções", é uma inspeção quase microscópica de uma família amorosa, mas repleta de falhas, no centro-oeste dos Estados Unidos.
Foi com seu livro anterior que Franzen atraiu a ira de certos círculos literários, ao declarar que a presença do selo de aprovação do clube do livro de Oprah Winfrey podia afastar certos leitores -especialmente os homens.
Antes do lançamento, em 31 de agosto, livrarias em todo o país reportaram um dilúvio de compradores que não compreendiam por que ainda não podiam comprar o livro, que já circulava.
Depois que Obama recebeu uma cópia antecipada gratuita da Bunch of Grapes, uma livraria independente em Vineyard Haven, Massachusetts, outras livrarias objetaram quanto à violação do rigoroso embargo contra a venda do livro antes da data.

TURNÊ DE LANÇAMENTO
Franzen iniciou recentemente uma turnê de lançamento por 18 cidades. Em St. Paul, que serve como cenário básico ao livro, um evento em 21 de setembro, com uma palestra de Franzen no Fitzgerald Theater, um auditório de mais de mil lugares, teve os seus ingressos esgotados rapidamente.
Na Eagle Eye Book Shop, em Decatur, Geórgia, uma das livrarias que distribuíram convites para uma palestra de Franzen no Decatur Book Festival, os convites se esgotaram em dois dias.
"Houve pessoas que ligaram da Carolina do Sul e Flórida e estavam dispostas a viajar para ouvir Franzen", disse o livreiro Bob Munson.
A editora de Franzen, Farrar, Straus & Giroux, parece confiante em que não faltarão leitores. "Freedom" já está em sua segunda impressão, com tiragem total de 300 mil cópias até o momento.
"Suspeito que aqueles que estão dizendo que "Freedom" recebeu elogios exagerados não tenham lido o livro ainda", disse Jonathan Galassi, presidente da Farrar, Straus and Giroux.
"Quando o fizerem -e espero que isso não demore-, creio que perceberão a maneira profunda e comovente com que Jonathan confronta a vida contemporânea".

Tradução de Paulo Migliacci



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