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Novo livro de Franzen gera frenesi e fúria
Elogios da crítica e "ódio" de escritores fazem de "Freedom" uma das obras mais aguardadas do ano nos EUA
Circulação do romance antes do lançamento, inclusive nas mãos de Obama, gera reação de livrarias pelo país
JULIE BOSMAN
DO "NEW YORK TIMES"
Em poucas semanas, Jonathan Franzen passou de
grande romancista norte-americano (de acordo com a
revista "Time") a queridinho
literário recebedor de elogios
críticos indevidos (de acordo
com a escritora Jodi Picoult),
se tornando, por fim, "o escritor que amamos odiar" (de
acordo com a "Newsweek").
"Freedom" [liberdade;
cerca de US$ 15 (R$ 26) na
Amazon] chega às livrarias
como um dos romances mais
aguardados do ano, com vaga quase garantida nas listas
de best-sellers.
O livro vem precedido por
grande número de críticas
muito positivas e de forte interesse da parte dos livreiros.
O presidente Obama, nas
férias que passou em Martha's Vineyard em agosto, tinha em sua pilha de leituras
de lazer uma cobiçada cópia
prévia do livro. "Ele está lendo o romance e o considera
divertido", disse Bill Burton,
secretário-assistente de imprensa da Casa Branca.
ESTRAGAR A FESTA
Em meio ao frenesi, existe
certa fúria oculta, ou ao menos certo prazer em estragar
a festa, na definição da romancista Jennifer Weiner.
Ela e Picoult recentemente
lançaram uma longa série de
ataques contra Franzen e o
"New York Times", via Twitter, alegando que as mulheres romancistas são injustamente desconsideradas pelos críticos.
"Se acho que deveria estar
recebendo a mesma atenção
que Jonathan "Gênio" Franzen? Não. Mas será que mereço ser levada tão a sério
quanto Jonathan Tropper ou
Nick Hornby? Certamente",
afirmou Wiener em entrevista que o "Huffington Post"
realizou com ela e Picoult.
Da parte desta última, "desejo deixar claro que não tenho coisa alguma contra Jonathan Franzen", afirmou
Picoult na entrevista. "Espero ler "Freedom" e gostar muito. Isso não tem como motivo
uma crítica a ele; ele é apenas
um escritor que o "New York
Times" optou por resenhar
duas vezes em sete dias".
É uma quase estreia ruidosa para um livro que chega
quase nove anos depois de
"As Correções", o romance
anterior de Franzen, grande
sucesso que vendeu perto de
três milhões de cópias em todo o mundo.
"Freedom", como "As Correções", é uma inspeção quase microscópica de uma família amorosa, mas repleta
de falhas, no centro-oeste
dos Estados Unidos.
Foi com seu livro anterior
que Franzen atraiu a ira de
certos círculos literários, ao
declarar que a presença do
selo de aprovação do clube
do livro de Oprah Winfrey
podia afastar certos leitores
-especialmente os homens.
Antes do lançamento, em
31 de agosto, livrarias em todo o país reportaram um dilúvio de compradores que
não compreendiam por que
ainda não podiam comprar o
livro, que já circulava.
Depois que Obama recebeu uma cópia antecipada
gratuita da Bunch of Grapes,
uma livraria independente
em Vineyard Haven, Massachusetts, outras livrarias objetaram quanto à violação do
rigoroso embargo contra a
venda do livro antes da data.
TURNÊ DE LANÇAMENTO
Franzen iniciou recentemente uma turnê de lançamento por 18 cidades. Em St.
Paul, que serve como cenário
básico ao livro, um evento
em 21 de setembro, com uma
palestra de Franzen no Fitzgerald Theater, um auditório
de mais de mil lugares, teve
os seus ingressos esgotados
rapidamente.
Na Eagle Eye Book Shop,
em Decatur, Geórgia, uma
das livrarias que distribuíram convites para uma palestra de Franzen no Decatur
Book Festival, os convites se
esgotaram em dois dias.
"Houve pessoas que ligaram da Carolina do Sul e Flórida e estavam dispostas a
viajar para ouvir Franzen",
disse o livreiro Bob Munson.
A editora de Franzen, Farrar, Straus & Giroux, parece
confiante em que não faltarão leitores. "Freedom" já está em sua segunda impressão, com tiragem total de 300
mil cópias até o momento.
"Suspeito que aqueles que
estão dizendo que "Freedom"
recebeu elogios exagerados
não tenham lido o livro ainda", disse Jonathan Galassi,
presidente da Farrar, Straus
and Giroux.
"Quando o fizerem -e espero que isso não demore-,
creio que perceberão a maneira profunda e comovente
com que Jonathan confronta
a vida contemporânea".
Tradução de Paulo Migliacci
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