São Paulo, sexta, 18 de setembro de 1998

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Catálogo chega dois anos depois

PAULO HUMBERTO L. DE ALMEIDA
especial para a Folha

Quando, há mais de dois anos, foi lançado o projeto "Antarctica Artes com a Folha", o que se viu foi uma iniciativa de proporções épicas, curadores mapeando a produção artística do país numa movimentação inédita, que despertou logo o interesse do público.
Publica-se agora o catálogo, peça de enorme importância para os participantes, especialmente como registro de trabalhos em grande parte efêmeros. O livro tem o mérito de não ser apenas um catálogo da mostra e traz, quando possível, parte da produção mais recente dos selecionados. O volume bilíngue, caprichosamente impresso na Itália, impressiona muito bem à primeira vista. Mas uma leitura mais crítica revela problemas que, se não chegam a ser gravíssimos, mostram que sua edição não foi feita com o merecido cuidado.
O principal desafio enfrentado pelo designer responsável por uma publicação do gênero reside na dificuldade de reunir, em um só suporte, trabalhos tão díspares. Criar um projeto gráfico capaz de documentar obras que, na maioria das vezes, se furtam a uma boa reprodução e de, ao mesmo tempo, resultar numa peça independente, que possibilite a compreensão total do evento, é tarefa muito complexa. A divisão em módulos de textos, artistas e currículos é clara e bem organizada. A opção pela simplicidade parece ser a saída mais sensata, desde que se consiga manter o rigor que essa escolha demanda. Nesse caso, esse objetivo foi alcançado apenas em parte.
Se, no módulo de textos, o espaço é generoso e o segundo idioma está impresso em tom mais claro que o português, a diagramação dos títulos dificulta a leitura.
O espaço branco do papel continua bem usado na apresentação das obras, mas um fio preto, pesado, que pretende dar alguma ordem à diagramação das páginas duplas, insiste em interferir nas boas reproduções, que por sua vez se distribuem sem critério aparente. A inconveniência desse fio atinge o limite quando é praticamente incorporado ao trabalho de Nydia Negromonte. Além disso é evidente a melhor resolução gráfica das páginas que não trazem textos.
Uma edição mais cuidadosa poderia fazer do volume uma publicação exemplar. No entanto suas qualidades evidentes não conseguem superar falhas, que serão percebidas pelo leitor atento.
²


Paulo Humberto L. de Almeida é designer gráfico.


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