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Catálogo chega dois anos depois
PAULO HUMBERTO L. DE ALMEIDA
especial para a Folha
Quando, há mais de dois anos,
foi lançado o projeto "Antarctica
Artes com a Folha", o que se viu foi
uma iniciativa de proporções épicas, curadores mapeando a produção artística do país numa movimentação inédita, que despertou
logo o interesse do público.
Publica-se agora o catálogo, peça
de enorme importância para os
participantes, especialmente como
registro de trabalhos em grande
parte efêmeros. O livro tem o mérito de não ser apenas um catálogo
da mostra e traz, quando possível,
parte da produção mais recente
dos selecionados. O volume bilíngue, caprichosamente impresso na
Itália, impressiona muito bem à
primeira vista. Mas uma leitura
mais crítica revela problemas que,
se não chegam a ser gravíssimos,
mostram que sua edição não foi
feita com o merecido cuidado.
O principal desafio enfrentado
pelo designer responsável por uma
publicação do gênero reside na dificuldade de reunir, em um só suporte, trabalhos tão díspares. Criar
um projeto gráfico capaz de documentar obras que, na maioria das
vezes, se furtam a uma boa reprodução e de, ao mesmo tempo, resultar numa peça independente,
que possibilite a compreensão total do evento, é tarefa muito complexa. A divisão em módulos de
textos, artistas e currículos é clara e
bem organizada. A opção pela
simplicidade parece ser a saída
mais sensata, desde que se consiga
manter o rigor que essa escolha demanda. Nesse caso, esse objetivo
foi alcançado apenas em parte.
Se, no módulo de textos, o espaço
é generoso e o segundo idioma está
impresso em tom mais claro que o
português, a diagramação dos títulos dificulta a leitura.
O espaço branco do papel continua bem usado na apresentação
das obras, mas um fio preto, pesado, que pretende dar alguma ordem à diagramação das páginas
duplas, insiste em interferir nas
boas reproduções, que por sua vez
se distribuem sem critério aparente. A inconveniência desse fio atinge o limite quando é praticamente
incorporado ao trabalho de Nydia
Negromonte. Além disso é evidente a melhor resolução gráfica das
páginas que não trazem textos.
Uma edição mais cuidadosa poderia fazer do volume uma publicação exemplar. No entanto suas
qualidades evidentes não conseguem superar falhas, que serão
percebidas pelo leitor atento.
²
Paulo Humberto L. de Almeida é designer gráfico.
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