São Paulo, Segunda-feira, 18 de Outubro de 1999
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Guggenheim confirma seu interesse pelo Brasil

Patrícia Santos/Folha Imagem
O diretor da Fundação Guggenheim, Thomas Krens, no MAM-Rio


CELSO FIORAVANTE
enviado especial ao Rio

O diretor da Fundação Guggenheim, Thomas Krens, confirmou anteontem no Rio, em entrevista exclusiva à Folha, em seu primeiro dia de viagem pelo país, o interesse da instituição norte-americana pelo país.
Indagado se essa sua primeira viagem ao país poderia ser vista como um passo inicial na pesquisa para a construção de um museu Guggenheim no Brasil ou na América Latina, Thomas Krens respondeu: "Sim, e por muitas razões. Vivemos em um mundo cada vez mais internacionalizado. A cultura não é um privilégio do Atlântico Norte. Mesmo os EUA possuem uma forte e vibrante cultura latino-americana."
Segundo ele, "faz sentido para nós nos conectarmos com essa vitalidade. Mas, voltando à sua pergunta, sim. Essa é a minha primeira viagem ao Brasil e me coloca muitas possibilidades para considerar. Estou aqui para aprender e apreciar tudo o que puder".
Sobre os rumores das candidaturas de Argentina e Chile, disse: "Existem sempre muitas conversas, mas esta aqui é a nossa primeira ação concreta".
Krens, que está no país a convite da Associação Brasil 500 Anos, foi recebido por Edemar Cid Ferreira (presidente da entidade), curadores, colecionadores e diretores de instituições culturais do Rio. Estava acompanhado de quatro curadores do museu Guggenheim: Lisa Dennison, Julian Zugazagoitia, Jane De Bevoise e Min Kim.
O plano inicial da comitiva é formatar uma curadoria conjunta para uma versão da mostra Brasil 500 Anos, que será levada a Nova York e Bilbao (Espanha). A mostra deverá repassar toda a produção artística brasileira.
"Viemos com uma delegação para visitar e analisar as possibilidades de realizar uma grande mostra sobre a cultura brasileira. Ela vai acontecer de qualquer maneira e também vai nos dar a oportunidade de desenvolver um relacionamento maior com o Brasil. Veremos o que pode resultar disso", disse o diretor Krens.
Thomas Krens é diretor da Fundação Guggenheim desde 1988. Sua maior obra, até o momento, é a construção do Guggenheim Bilbao. Inaugurado em outubro de 1997, o museu recebeu cerca de 1,36 milhão de visitantes em seu primeiro ano de funcionamento.
No Rio, Krens visitou o MAM-Rio, o Centro Hélio Oiticica, o mosteiro de São Bento e a igreja da Ordem Terceira da Penitência. Seus últimos compromissos eram o MAC-Niterói e um jantar na residência de Roberto Marinho.
"Estou muito interessado em ver o museu de Niterói, sobre o qual já li. Parece-me uma coisa muito esperta a união de um colecionador que vê o papel social de sua coleção e um prefeito que tem visão. É muito difícil prever esse tipo de iniciativa. Isso só depende das pessoas", disse Krens.
Em Salvador, ontem, Krens e comitiva visitariam a igreja de São Francisco, o convento do Desterro, o Museu de Arte Sacra, a casa do artista Mestre Didi. À noite, veriam uma sessão de candomblé no terreiro de Apó-Afonjá.
Thomas Krens visitará hoje em São Paulo a sede da Associação Brasil 500 Anos, na Fundação Bienal, coleções e galerias. O diretor do Guggenheim terá ainda uma audiência com Mário Covas, em que o governador deverá apresentar um terreno possível para a construção do museu na cidade e um projeto de incentivos fiscais.
A viagem termina amanhã, em Brasília, onde Krens tem audiências com o ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, com o ministro da Cultura, Francisco Weffort, e com o presidente Fernando Henrique.


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