São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 2002

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CRÍTICA

Biógrafo aceita o astro errante em toda a sua incoerência

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

De fenômeno cultural e social ao abandono, das vendagens em progressão aos shows em pequenos bares, lugares tão sem importância quanto Bob Dylan parece, aos que se acostumaram com sua presença, um pouco sem sentido. Essa é a história contada pelo inglês Howard Sounes. Mais um biógrafo disposto a explicar o mito.
De início há o dado mais básico. Não de Dylan, mas de Sounes, nascido em 1965, ano em que Robert Allen Zimmerman lança os álbuns "Bringing It All Back Home" e "Highway 61 Revisited". Um instante decisivo nessa estranha área do conhecimento, o estudo do comportamento do astro.
Queriam, à época, um trovador na tradição da música folclórica norte-americana, mas receberam um jovem disposto a se tornar um ídolo. Sounes usa 471 páginas e dez capítulos para mostrar de que maneira tudo se passou, e sua grande vantagem foi ter chegado um pouco mais tarde ao culto.
Os velhos casos estão também no livro. O modo como foi chamado de traidor por abandonar as canções acústicas, o flerte infeliz com a cantora Joan Baez, os casamentos, os divórcios, as crises religiosas, o acidente de moto, os terríveis anos 80 em sua produção, as turnês que faz até hoje.
Mas o trabalho de Sounes vai mais adiante. Se distancia -o quanto for isso possível para um biógrafo- dos aspectos mais sombrios da idolatria. Ele aceita Bob Dylan, 61, em toda a sua incoerência e fornece algumas pistas sobre as razões que fazem dele agora um errante, músico pronto a dar as costas ao passado para ter uma chance no futuro.

Dylan - A Biografia


   
Autor: Howard Sounes
Editora: Conrad
Quanto: R$ 50 (471 págs.)


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