|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA
Biógrafo aceita o astro errante em toda a sua incoerência
MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL
De fenômeno cultural e social ao abandono, das vendagens em progressão aos shows
em pequenos bares, lugares tão
sem importância quanto Bob
Dylan parece, aos que se acostumaram com sua presença, um
pouco sem sentido. Essa é a história contada pelo inglês Howard
Sounes. Mais um biógrafo disposto a explicar o mito.
De início há o dado mais básico.
Não de Dylan, mas de Sounes,
nascido em 1965, ano em que Robert Allen Zimmerman lança os
álbuns "Bringing It All Back Home" e "Highway 61 Revisited".
Um instante decisivo nessa estranha área do conhecimento, o estudo do comportamento do astro.
Queriam, à época, um trovador
na tradição da música folclórica
norte-americana, mas receberam
um jovem disposto a se tornar um
ídolo. Sounes usa 471 páginas e
dez capítulos para mostrar de que
maneira tudo se passou, e sua
grande vantagem foi ter chegado
um pouco mais tarde ao culto.
Os velhos casos estão também
no livro. O modo como foi chamado de traidor por abandonar
as canções acústicas, o flerte infeliz com a cantora Joan Baez, os casamentos, os divórcios, as crises
religiosas, o acidente de moto, os
terríveis anos 80 em sua produção, as turnês que faz até hoje.
Mas o trabalho de Sounes vai
mais adiante. Se distancia -o
quanto for isso possível para um
biógrafo- dos aspectos mais
sombrios da idolatria. Ele aceita
Bob Dylan, 61, em toda a sua incoerência e fornece algumas pistas sobre as razões que fazem dele
agora um errante, músico pronto
a dar as costas ao passado para ter
uma chance no futuro.
Dylan - A Biografia
Autor: Howard Sounes
Editora: Conrad
Quanto: R$ 50 (471 págs.)
Texto Anterior: O velho Bob Próximo Texto: Música/Lançamentos - "Maricotinha ao Vivo": Bethânia independente apela para a mesmice Índice
|