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Nana Caymmi se rende à obra do pai, Dorival
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao longo de quase 40 anos de
carreira musical, Nana Caymmi,
61, gravou de modo esparso canções de seu pai, Dorival, 88. Agora, em "O Mar e o Tempo", pela
primeira vez dedica um CD inteiro à obra do patriarca.
Nana reage à possível percepção
de que suas releituras venham injetar mais melancolia na obra vistosa do pai: "Conheci essas músicas com ele cantando desse jeito.
"A Lenda do Abaeté" não é alegre,
nem "Saudade da Bahia". Minha
intenção era passar para meu pai
e minha mãe esse sentimento de
tristeza que essas canções contêm", afirma.
Explica o porquê da demora em
se atirar inteira ao cancioneiro de
Caymmi: "Meu pai se aposentou,
não canta mais. Só nós, seus três
filhos, temos esse poder agora".
Descarta qualquer ligação entre
tal demora e desavenças familiares com o pai, que sua filha Stella
Caymmi explorou detalhadamente na biografia de Dorival,
que leva o mesmo título do CD e
foi lançada no final de 2001.
"Stella escreveu as coisas que
viu e de que participou, quando
abandonei meu marido. Papai
não queria uma filha separada. Ficou sete anos sem falar comigo e,
quando voltou a falar, falou como
se nada houvesse acontecido. É
um cínico, mas um grande artista", relata, entre séria e brincalhona.
(PAS)
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