São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 2002

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Nana Caymmi se rende à obra do pai, Dorival

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao longo de quase 40 anos de carreira musical, Nana Caymmi, 61, gravou de modo esparso canções de seu pai, Dorival, 88. Agora, em "O Mar e o Tempo", pela primeira vez dedica um CD inteiro à obra do patriarca.
Nana reage à possível percepção de que suas releituras venham injetar mais melancolia na obra vistosa do pai: "Conheci essas músicas com ele cantando desse jeito. "A Lenda do Abaeté" não é alegre, nem "Saudade da Bahia". Minha intenção era passar para meu pai e minha mãe esse sentimento de tristeza que essas canções contêm", afirma.
Explica o porquê da demora em se atirar inteira ao cancioneiro de Caymmi: "Meu pai se aposentou, não canta mais. Só nós, seus três filhos, temos esse poder agora".
Descarta qualquer ligação entre tal demora e desavenças familiares com o pai, que sua filha Stella Caymmi explorou detalhadamente na biografia de Dorival, que leva o mesmo título do CD e foi lançada no final de 2001.
"Stella escreveu as coisas que viu e de que participou, quando abandonei meu marido. Papai não queria uma filha separada. Ficou sete anos sem falar comigo e, quando voltou a falar, falou como se nada houvesse acontecido. É um cínico, mas um grande artista", relata, entre séria e brincalhona. (PAS)


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