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Miriam Mehler é estrela de peça de Jean Lagarce
Com 50 anos de carreira, atriz protagoniza adaptação inédita do autor francês
"Eu Estava em Minha Casa e Esperava Que a Chuva Chegasse" conta a história de cinco mulheres à procura de um parente perdido
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando olha para a cena teatral da cidade de São Paulo e se
depara com a tônica de grupos,
Miriam Mehler se sente à vontade. Há quase 50 anos, em fevereiro de 1958, ela estreava no
Teatro de Arena com "Eles Não
Usam Black-Tie", de Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006),
ator e dramaturgo daquele coletivo. A intérprete passou ainda pelo TBC e Oficina.
A partir de hoje, com pré-estréia para convidados, Mehler,
72, ancora o novo espetáculo de
uma companhia formada há sete anos, a Elevador de Teatro
Panorâmico, dirigida por Marcelo Lazzaratto.
Trata-se da peça "Eu Estava
em Minha Casa e Esperava Que
a Chuva Chegasse", de Jean-Luc Lagarce (1956-85), inédita
no Brasil. Ela é a mais velha das
cinco mulheres de uma família,
abaladas com a volta do neto/
filho/irmão desaparecido.
Em verdade, ele não "reaparece". Na peça, a figura masculina, apesar de epicentro da
narrativa, é deslocada para as
margens. "O autor vai fundo na
alma feminina", diz Mehler.
Para a atriz, em Lagarce importa mais o não dito. "Aquilo
que um personagem pensa, o
subtexto de uma fala", afirma
Mehler. Uma das inspirações
do texto é a peça "As Três Irmãs", de Anton Tchecov.
A ausência do rapaz, por
anos, faz com que as cinco personagens se agarrem à imaginação. Cada uma, a seu modo,
divaga, pensa, cria mundos e
possibilidades de existência
que tomam por reais.
Quando acham que já firmaram suas redes de segurança
para a angústia da espera, eis
que o homem, redivivo, chega,
cai no chão e não se sabe se está
vivo ou morto. Permanece o
tempo todo no quarto, e é a partir daí que deslancha a história
com o sujeito oculto.
Para essas mulheres, conforme Lazzaratto, a realidade passa a ser uma coisa pequena
diante do universo de possibilidades que elas criam na cabeça.
O diretor teatral destaca a
linguagem contemporânea de
Lagarce. "A forma pela qual o
autor tece seu texto é muito
precisa", conclui.
EU ESTAVA EM MINHA CASA E ESPERAVA QUE A CHUVA CHEGASSE
Quando: pré-estréia hoje, às 21h30, para convidados; temporada a partir
de amanhã; sex. e sáb., às 21h30;
dom., às 18h. Até 18/11
Onde: Sesc Paulista (av. Paulista,
119, tel. 0/xx/11/3179-3700)
Quanto: R$ 20
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