São Paulo, quinta-feira, 18 de outubro de 2007

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Paulo Pasta traz jogo de ambigüidades

Exposição reúne 15 trabalhos recentes do artista, entre desenhos e telas grandes, em que se destaca o jogo de formas e cores

Mostra na galeria Millan é a primeira do artista plástico no Brasil após retrospectiva exibida na Estação Pinacoteca, no ano passado

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Teu trabalho é uma reza." O artista plástico Paulo Pasta lembra da avaliação de Amilcar de Castro sobre suas pinturas para apresentar nova mostra, que começa hoje na galeria Millan, com 15 trabalhos recentes.
A definição de Castro (1920-2002), um dos nomes fundamentais da escultura e das artes gráficas brasileiras, parece retratar bem a nova exposição de Pasta, a primeira no Brasil após a retrospectiva exibida na Estação Pinacoteca, com curadoria de Tadeu Chiarelli, no ano passado. A cruz surge em diversas telas de grandes dimensões, mas alguns cilindros também sugerem motivos semelhantes às garrafas de Giorgio Morandi (1890-1964).
"Quando o Amilcar me disse isso, vi que há essa característica de imersão em minha obra, afastada de uma simples leitura religiosa que as formas podem fazer acreditar", afirma ele.
"Mas gosto de pensar na minha pintura como algo que encapsula o tempo, cria silêncios. E Morandi sempre foi uma influência."
No entanto, em suas grandes telas -as maiores medem 2,40 m x 3 m-, Pasta observa que a "luminescência" do francês Bonnard (1867-1947) está mais presente que os famosos volumes do pintor italiano. "Tento fazer com que forma e cor se completem nas pinturas. Existe todo um jogo de ambigüidades nisso, e a luz que está nas telas ajuda nesse diálogo."
Representante da geração 80 já em sua segunda metade, o artista acredita que "nunca se pintou tanto no Brasil como nos anos 90". "Mas ainda acho que não houve uma avaliação crítica com profundidade dessa produção."
Pasta destaca alguns de seus contemporâneos, como Daniel Senise (que ganha individual em São Paulo na semana que vem), Fábio Miguez, Marco Giannotti, Rodrigo Andrade e Sérgio Sister, entre outros, como pintores contemporâneos de destaque.
Apesar de inserido na pintura da geração 80, o artista avalia que suas influências fugiram do que era mais comum naqueles anos, como o neoexpressionismo e a pintura gestual. "Acho que minha obra se aproximava mais da pintura metafísica italiana, por exemplo."
"O Nuno Ramos, que também admiro e que pintava bastante no começo da carreira, me disse que eu encontrei cedo o que queria fazer", lembra ele.

Desenhos
Pasta não apenas apresenta grandes telas na exposição. No mezanino da galeria, são exibidos sete desenhos. ""Há outra relação com o desenho. Se as telas têm um componente físico forte, até pelo tamanho, o que vale no desenho é o resultado rápido. É como se fosse um campo de testes."


PAULO PASTA
Quando:
de seg. a sex., das 10h às 19h, sáb., das 11h às 15h; até 14/11
Onde: galeria Millan (r. Fradique Coutinho, 1.360, SP, tel. 0/xx/11/3031-6007)
Quanto: entrada franca


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