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Paulo Pasta traz jogo de ambigüidades
Exposição reúne 15 trabalhos recentes do artista, entre desenhos e telas grandes, em que se destaca o jogo de formas e cores
Mostra na galeria Millan é a primeira do artista plástico no Brasil após retrospectiva exibida na Estação Pinacoteca, no ano passado
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Teu trabalho é uma reza." O
artista plástico Paulo Pasta
lembra da avaliação de Amilcar
de Castro sobre suas pinturas
para apresentar nova mostra,
que começa hoje na galeria Millan, com 15 trabalhos recentes.
A definição de Castro (1920-2002), um dos nomes fundamentais da escultura e das artes
gráficas brasileiras, parece retratar bem a nova exposição de
Pasta, a primeira no Brasil após
a retrospectiva exibida na Estação Pinacoteca, com curadoria
de Tadeu Chiarelli, no ano passado. A cruz surge em diversas
telas de grandes dimensões,
mas alguns cilindros também
sugerem motivos semelhantes
às garrafas de Giorgio Morandi
(1890-1964).
"Quando o Amilcar me disse
isso, vi que há essa característica de imersão em minha obra,
afastada de uma simples leitura
religiosa que as formas podem
fazer acreditar", afirma ele.
"Mas gosto de pensar na minha
pintura como algo que encapsula o tempo, cria silêncios. E
Morandi sempre foi uma influência."
No entanto, em suas grandes
telas -as maiores medem 2,40
m x 3 m-, Pasta observa que a
"luminescência" do francês
Bonnard (1867-1947) está mais
presente que os famosos volumes do pintor italiano. "Tento
fazer com que forma e cor se
completem nas pinturas. Existe todo um jogo de ambigüidades nisso, e a luz que está nas
telas ajuda nesse diálogo."
Representante da geração 80
já em sua segunda metade, o artista acredita que "nunca se
pintou tanto no Brasil como
nos anos 90". "Mas ainda acho
que não houve uma avaliação
crítica com profundidade dessa
produção."
Pasta destaca alguns de seus
contemporâneos, como Daniel
Senise (que ganha individual
em São Paulo na semana que
vem), Fábio Miguez, Marco
Giannotti, Rodrigo Andrade e
Sérgio Sister, entre outros, como pintores contemporâneos
de destaque.
Apesar de inserido na pintura da geração 80, o artista avalia
que suas influências fugiram do
que era mais comum naqueles
anos, como o neoexpressionismo e a pintura gestual. "Acho
que minha obra se aproximava
mais da pintura metafísica italiana, por exemplo."
"O Nuno Ramos, que também admiro e que pintava bastante no começo da carreira,
me disse que eu encontrei cedo
o que queria fazer", lembra ele.
Desenhos
Pasta não apenas apresenta
grandes telas na exposição. No
mezanino da galeria, são exibidos sete desenhos.
""Há outra relação com o desenho. Se as telas têm um componente físico forte, até pelo tamanho, o que vale no desenho é
o resultado rápido. É como se
fosse um campo de testes."
PAULO PASTA
Quando: de seg. a sex., das 10h às
19h, sáb., das 11h às 15h; até 14/11
Onde: galeria Millan (r. Fradique
Coutinho, 1.360, SP, tel. 0/xx/11/3031-6007)
Quanto: entrada franca
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