São Paulo, Quinta-feira, 18 de Novembro de 1999
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Dá para "chochar"

da Reportagem Local

O livro "Babado Forte - Moda, Música e Noite da Virada do Século 21" não está acima de qualquer suspeita.
Apesar de realizar o mais amplo levantamento já feito sobre a cultura clubber, também peca por excessos e omissões.
O livro dedica seis páginas sobre o nascimento, vida e morte do grupo "Que Fim Levou Robin?", em 1990, um dos acontecimentos mais bizarros da noite paulistana. Aquele grupo liderado pelo DJ Mauro Borges e que cantava: "Chanel é só um corte/ Cabelo com pontinha? Dançando noite e dia/ Mas isso vai mudar/ Chanel vai inspirar/ Chanel é soberana/ Chanel vai governar" (trecho de "Aqui Não Tem Chanel", de Mauro Borges e Renato Lopes).
Espaço semelhante foi dedicado à blitz que a casa Columbia recebeu em novembro de 1996, que levou dezenas de frequentadores do Hell's Club para passar a manhã de domingo na delegacia ao lado da casa noturna Columbia.
Erika, porém, não é onipresente e, como tal, dá pouco espaço a movimentos mais específicos e undergrounds, como a cena industrial levada adiante em casas como a Cais e por nomes como Loop B, Símbolo e Pierre.
Também faz poucas referências aos movimentos de black music, levados adiante principalmente pelos DJs Will Robson, Eugênio Lima e André Ceciliato.
"Tenho um olhar mais objetivado para determinados grupos. Veja o caso dos cybermanos, que são os meninos de periferia que gostam de música tecno e música eletrônica. A primeira vez que eles apareceram na mídia foi na coluna "Noite Ilustrada", em 97. Noticio os acontecimentos dessa comunidade, mas não dá para falar de tudo. Se reforço às vezes o caráter de gueto é porque o êxito da coluna se deve ao tratamento que foi dado a microuniversos que passaram a interessar todo mundo", justificou Palomino.
Ela também resumiu a uma simples menção na página 130 a memorável festa da Gabi, na Prohibidu's, em dezembro de 1997, que contou com a insólita presença da fotógrafa norte-americana Nan Goldin, diva do mundo underground. E a autora estava lá.
Enfim, embora o livro seja absolutamente generoso, quem quiser vai também encontrar em sua leitura motivos para "chochar" com a autora. (CF)



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