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CRÍTICA
Charme e ambição dominam livro
ALCINO LEITE NETO
Editor do Mais!
Mais cedo ou mais tarde, Erika
Palomino acabaria contando em
livro tudo o que sabe sobre o
mundinho.
O que não se esperava era que
"Babado Forte" se tornasse uma
reportagem tão ambiciosa, tão
minuciosa e tão rica.
Ela poderia ter escrito um manual sobre a revolução do "street
wear". Ou uma análise do ecstasy
e a neopsicodelia das raves. Ou
um guia para a rede de sonoridades do tecno. Ou um álbum de
histórias quentes do bas-fond e
do mundo fashion paulista.
Fez tudo isso, claro, mas foi
além: ouviu dezenas de pessoas,
recriou centenas de ambientes e
situações, refez a história pessoal
de um sem-número de tipos, resgatou estilos, músicas e atitudes.
Compôs um charmoso painel
de dez anos do underground brasileiro, em que a experiência pessoal e a cena provinciana se aliam
ao conjunto de eventos mundiais
produzidos pela Geração X.
Erika está sempre preocupada
com a Internacional Jovem, mas é
no quadro local, com seu cosmopolitismo desajeitado, suas intrigas miúdas e noites sensacionais,
que a sua narrativa é mais forte.
O estilo é o mesmo de sua coluna "Noite Ilustrada", abusado,
narcisista, apaixonado, fetichista,
maternal e sincrético, mas numa
escala gigante, documental.
Mas por que reconstituir esse
universo da noite e da juventude,
em que tudo é transitório e, portanto, divertido e vibrante?
"Babado Forte" é um esforço de
salvar a memória do efêmero, a
história fugaz de uma geração que
descobriu que o futuro, afinal, começa hoje à noite.
Avaliação
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