São Paulo, Quinta-feira, 18 de Novembro de 1999
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CRÍTICA

Charme e ambição dominam livro

ALCINO LEITE NETO
Editor do Mais!

Mais cedo ou mais tarde, Erika Palomino acabaria contando em livro tudo o que sabe sobre o mundinho.
O que não se esperava era que "Babado Forte" se tornasse uma reportagem tão ambiciosa, tão minuciosa e tão rica.
Ela poderia ter escrito um manual sobre a revolução do "street wear". Ou uma análise do ecstasy e a neopsicodelia das raves. Ou um guia para a rede de sonoridades do tecno. Ou um álbum de histórias quentes do bas-fond e do mundo fashion paulista.
Fez tudo isso, claro, mas foi além: ouviu dezenas de pessoas, recriou centenas de ambientes e situações, refez a história pessoal de um sem-número de tipos, resgatou estilos, músicas e atitudes.
Compôs um charmoso painel de dez anos do underground brasileiro, em que a experiência pessoal e a cena provinciana se aliam ao conjunto de eventos mundiais produzidos pela Geração X.
Erika está sempre preocupada com a Internacional Jovem, mas é no quadro local, com seu cosmopolitismo desajeitado, suas intrigas miúdas e noites sensacionais, que a sua narrativa é mais forte.
O estilo é o mesmo de sua coluna "Noite Ilustrada", abusado, narcisista, apaixonado, fetichista, maternal e sincrético, mas numa escala gigante, documental.
Mas por que reconstituir esse universo da noite e da juventude, em que tudo é transitório e, portanto, divertido e vibrante?
"Babado Forte" é um esforço de salvar a memória do efêmero, a história fugaz de uma geração que descobriu que o futuro, afinal, começa hoje à noite.


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