JULIANA MONACHESI
free-lance para a Folha

Um novo Manifesto Antropofágico, em que artistas como Rosângela Rennó, Mario Cravo Neto, Arnaldo Antunes e Daniela Thomas vomitam as referências e representações de Brasil que engoliram. Eis o espírito da revista "Big Brazil", que tem lançamento hoje em São Paulo.
A "Big" é uma publicação nova-iorquina impressa em Madri, distribuída em cidades como Tóquio, Londres e Paris e produzida, a cada número, por uma equipe completamente diferente. A 25ª edição foi feita por colaboradores brasileiros e traz registros pouco ortodoxos da cultura nacional.
Segundo o diretor de design e criação da "Big Brazil", Rico Lins, o tema que foi sugerido aos colaboradores, "Como é viver no Brasil?", foi pouco seguido. "A identidade da revista deu-se mais pela diversidade do que pela unidade."
A colcha de retalhos contém de um demoníaco Carnaval baiano a um ciberuniverso de clubbers da periferia, passando por fotografias como as de Rochelle Costi, artista que expôs "Quartos" na última Bienal, que comparece retratando pratos de comida.
A participação do publicitário e diretor de arte Marcello Serpa começa com uma foto de página inteira: plano fechado na faca partindo uma manga onde se lê "do que o brasileiro precisa para viver". Na fotografia seguinte, a simplicidade dos ícones que distribui na página dupla (manga, santinho, sandálias havaianas, camisinha) fornece uma resposta: "um pouco de prazer, um pouco de fé, alguma coisa para comer, alguma coisa para vestir".
Os exemplos mostram bem a função da "Big": trata-se de uma revista de imagens e de estilo. Outros números da revista já se debruçaram sobre temas como o espaço, tribos no mundo, a idéia abstrata de violência, o sublime.
A editora-executiva da "Big" no Brasil, Denise Mauler, afirma que o ponto alto da revista é a ausência de vinculação a uma linha editorial. "O artista tem liberdade total para se expressar." A partir da "Big Brazil", a "Big" terá anualmente uma edição brasileira.