São Paulo, quinta-feira, 18 de novembro de 2004

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BrasilConnects vai manter sua programação

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de não ter sido comunicado formalmente, o presidente-executivo da BrasilConnects, Emilio Kalil, já não conta com a presença de Edemar Cid Ferreira, presidente do Conselho da entidade. "Sinto que ele está, agora, ocupado com o patrimônio dele, não posso falar com o Edemar a cada cinco minutos como fazia antes. Ele faz falta, claro, é nosso dínamo, nossa energia central", disse Kalil, anteontem, à Folha.
Criada em 2001, a partir da Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, organizadora da Mostra do Redescobrimento, a BrasilConnects se manteve por muito tempo com o aporte financeiro do Banco Santos. Segundo a Folha apurou, o banco funcionava como caixa de emergência na organização das mostras, até os patrocínios serem fechados, o que deve fazer falta a partir de agora.
"O Banco Santos já teve grande importância, mas a BrasilConnects não tem nenhuma ligação jurídica com o banco. Atualmente, nossa única ligação é o Edemar. Nossas últimas exposições, como a da moda, em cartaz, foram todas patrocinadas por outras entidades. Até mesmo o Bradesco, que bancou com exclusividade "Picasso na Oca", diz Kalil.
Kalil não acredita que a intervenção do Banco Central no Banco Santos possa influenciar negativamente a BrasilConnects: "Não há crise pela frente. Estamos mantendo o cronograma de exposições como previsto."
No próximo ano, o foco da BrasilConnects será o ano do Brasil na França, onde organiza quatro eventos, e a abertura de uma exposição sobre o Tropicalismo, em maio, no Museu do Bronx, em Nova York. Todas elas ainda em captação de patrocínio. "É sempre assim que trabalhamos, nosso patrocínio é fechado pouco antes de abrirmos as exposições", conta Kalil. A exposição do Tropicalismo é uma co-produção com o Museu de Chicago e o Museu do Bronx, que irá circular ainda por Londres e Lisboa, antes de chegar a São Paulo, em 2007.
Já em Paris, das exposições organizadas pela BrasilConnects, duas delas, uma sobre arte indígena e outra sobre fotografia brasileira, prevêem a exibição da peças do acervo pessoal de cerca de 10 mil peças de Cid Ferreira. Por conta da indisponibilidade de seus bens, decretada por causa da intervenção no Banco Santos, surgiu a dúvida se as obras da coleção poderiam sair do país.
Segundo o advogado Yves Gandra da Silva Martins, consultado ontem pela Folha, as obras podem sair, desde que as instituições que organizam a mostra na França garantam, ao interventor do banco, que elas irão retornar ao Brasil. "Tanto faz as peças estarem indisponíveis aqui como lá, o que não pode acontecer é elas serem vendidas. Não expor seria mais negativo para a imagem do país do que expor", disse Martins.
Já no Brasil, em 2005, ainda não há programação definida. "Estamos acertando que a exposição "Fashion, Passion" siga para o Rio e, na Oca, temos previstas mostras sobre o Vaticano e a Índia. Só não temos as datas certas, pois a mostra do Vaticano só irá acontecer após o Iphan liberar a ida de Aleijadinhos para serem expostos no Vaticano, e a exposição sobre a Índia está em acertos finais", diz Kalil. (FCY e MCC)


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